Açúcar: Consumo precisa ser reduzido pela metade

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Já mostramos neste artigo que o açúcar foi considerado um substituto inofensivo para as drogas e para o álcool. Os Alcoólicos Anônimos, por exemplo, pedem que os dependentes sempre tenham um doce. Acontece que, apesar dos doces terem aliviado a “fissura” por drogas de algumas pessoas, muitas delas acabaram “transferindo o vício” para o açúcar.

E não é só isso.

Especialistas em nutrição alertam que a maioria das pessoas tem consumido pelo menos o dobro do limite de açúcar recomendado, que não deveria ultrapassar 5% do total de calorias diárias (algo em torno de sete colheres de chá).

Por isso, o Comitê Científico Consultivo de Nutrição, do Reino Unido, aconselhou o governo britânico a orientar a redução, pela metade, da atual ingestão diária de açúcar, informou a BBC. O governo disse que usará essa recomendação para desenvolver sua estratégia nacional sobre obesidade infantil, que deverá ser divulgada no final do ano.

— A evidência é gritante: muito açúcar é prejudicial para a saúde e todos nós precisamos fazer cortes — afirmou à agência britânica Ian Macdonald, presidente do grupo de trabalho do comitê. — A ligação clara e consistente entre o excesso de açúcar e condições como obesidade e diabetes tipo 2 são um alerta para repensarmos nossa dieta.

As diretrizes estão em linha com as propostas da Organização Mundial de Saúde (OMS). De acordo com especialistas, o consumo de 5% das calorias diárias em açúcar é equivalente a 19g ou cinco cubos para crianças de 4 a 6 anos; 24g ou seis cubos para crianças de 7 a 10 anos; ou sete cubos para as acima de 11 anos.

Bebidas adocicadas, como refrigerantes e sucos industrializados, cereais, produtos de confeitaria e açúcar de mesa (para adoçar bebidas). Uma única lata de refrigerante contém nove colheres de açúcar.

Quanto ao suco de caixinha, que muitos consideram uma melhor opção, a quantidade de açúcar está no mesmo patamar dos refrigerantes, pois apresentam pouca quantidade de fruta, muito açúcar, conservantes e corantes. Logo eles não são uma boa opção para substituir os refrigerantes, infelizmente.

Os produtos em versão zero apresentam melhor composição quando pensamos no açúcar, mas ainda assim apresentam várias outras substâncias que não são legais para consumo frequente. O açúcar em excesso traz inúmeros problemas para a nossa saúde, que vão muito além do aumento de peso. A glicose em excesso não é consumida, logo é acumulada no organismo na forma de gordura, causando doenças cardiovasculares, obesidade, diabetes, hipertensão arterial e outros problemas.  Além disso, estudos comprovam que o açúcar pode viciar tanto quanto drogas como a cocaína, já que os dois compostos atingem a mesma parte do cérebro.

“O açúcar é a maior crise de saúde pública da história”, diz Robert Lustig, endocrinologista da Universidade da Califórnia em San Francisco, cuja palestra Sugar: The Bitter Truth (Açúcar: a verdade amarga) teve mais de 5 milhões de acessos no YouTube (que você pode conferir abaixo, em versão legendada). Em um artigo publicado na revista Nature, Lustig e seus colegas causaram polêmica por afirmar que o açúcar é tão prejudicial que deveria ser sujeito à regulamentação como o álcool e o cigarro.

Fonte: BBC Brasil