Antidepressivos e álcool. É melhor evitar

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Aline Furlan (foto acima), modelo, tinha 28 anos e foi achada morta no dia 31 de julho após quase 20 dias desaparecida. Seu corpo e o Toyota Corolla bege que ela dirigia estavam em uma ribanceira da Rodovia Luiz de Queiroz (SP-304), próximo ao limite entre Piracicaba e o município de Santa Bárbara d’Oeste (SP).

De acordo com o exame realizado pelo Instituto Médico Legal (IML), divulgado pela Policia Civil, a jovem ingeriu bebida alcoólica e remédio antidepressivo antes de dirigir. Segundo o laudo, foi constatada a presença da substância Trazodona, presente em remédios contra depressão e que pode causar sonolência, tonturas, dores de cabeça e náuseas. Aline teve politraumatismos.

Os riscos causados pela interação entre álcool e medicamentos são amplamente conhecidos, no entanto um estudo publicado no jornal científico Molecular Pharmaceutics provou que ingerir bebida alcoólica enquanto há uso de medicamentos pode ser mais perigoso do que se imagina. O autor do estudo, Christel Berstrom, destacou que o álcool pode alterar a interação de enzimas e de outras substâncias corporais quando entra em contato com ao menos 5 mil medicamentos disponíveis no mercado, vendidos com ou sem prescrição médica, interferindo em sua potencialidade.

Além disso, de acordo com os pesquisadores, o álcool pode ainda dissolver resíduos de medicamentos no organismo, que podem representar até três vezes a dose original de medicamento. Alguns medicamentos não se dissolvem totalmente no trato gastrointestinal – especialmente no estômago e no intestino. Os pesquisadores testaram então se com o álcool, essas drogas poderiam se dissolver mais facilmente e descobriu-se que a combinação intensificava o efeito do medicamento.

Foram testados 22 medicamentos e 60% deles apresentaram mostras que teriam os efeitos superdimensionados. Alguns tipos de substâncias, principalmente as ácidas, são as mais afetadas – como o anticoagulante varfarina ,o tamoxifeno, usado para tratamento de cânceres e o naproxeno, responsável por aliviar dores e inflamações.

A combinação mais perigosa do álcool é com calmantes e antidepressivos.

Beber pode neutralizar os benefícios da medicação antidepressiva, fazendo com que os sintomas fiquem mais difíceis de tratar. Álcool pode parecer melhorar o humor no curto prazo, mas seu efeito global aumenta os sintomas de depressão e ansiedade.

Podemos resumir em três os processos que causam danos à saúde, quando se administra ou ingere álcool com antidepressivos:

Aumento da Pressão Arterial

Quem faz uso de antidepressivos conhecidos como inibidores da monoamina oxidase (IMAO) corre grande perigo ao consumir álcool por que os IMAO’s, quando combinado com certos tipos de bebidas alcoólicas e alimentos, podem causar aumento da pressão arterial.

Diminuição da Coordenação Motora

O pensamento e/o estado de alerta podem ser comprometidos. A combinação de antidepressivos e álcool irá afetar a coordenação e o tempo de reação (habilidades motoras) mais do que quando se ingere somente o álcool.

Algumas combinações podem deixar a pessoa sonolenta. Isso pode prejudicar a capacidade de conduzir ou realizar outras tarefas que exigem foco e atenção.

Alguns antidepressivos causam sedação e sonolência, efeito semelhante ao do álcool. Quando ingeridos simultaneamente, o efeito combinado pode ser intensificado.

Mudança de Humor:

O uso do antidepressivo não deve ser interrompido para que se possa beber. A maioria dos antidepressivos necessita de uma dose adequada, diária, para manter os níveis de concentração plasmática e promover o efeito esperado. Parando e iniciando novamente a tomada desses fármacos, é provável que os sintomas da depressão piorem num curto período de tempo, ocorrendo alterações no estado de humor do paciente e levando o mesmo a parar com a medicação.

Os efeitos colaterais podem ser potencializados se associar com outro fármaco. De uma maneira quase que geral, o álcool interage com muitos medicamentos de diversas classes farmacológicas. Os efeitos secundários podem se agravar quando se associa um, dois ou mais medicamentos juntos com um antidepressivo.

 

Fonte: Mayo Clinic