Quanto mais álcool, menos autopercepção

Tempo de leitura: 2 minutos

Conforme mostramos nesta matéria, o excesso de bebida alcoólica pode lesionar o cérebro de diversas maneiras. Inclusive, diminuir os níveis de autopercepção.

“Em geral, existe uma crença de que quem está acostumado a beber muito pode lidar com o álcool e que muitas tarefas diárias comuns não são afetadas pelo consumo”, afirma Ty Brumback. Ele é autor de um estudo liderado pelo Sistema de Saúde para Veteranos do Exército de San Diego (EUA) no qual foi diagnosticado que pessoas que bebem com frequência tendem a não sentir os efeitos do álcool, mesmo depois de algumas doses.

Embora não percebam, essas pessoas também enfrentam problemas cognitivos como redução da velocidade das habilidades motoras, memória de curto prazo e processamento complexo, o que pode ser grave.

Os maiores consumidores de álcool também demonstraram menor autopercepção de danos do que aqueles que costumam beber menos, o que pode resultar em comportamentos ainda mais arriscados quando bêbados.

No experimento, um total de 105 pessoas tiveram suas habilidades cognitivas e de coordenação motora testadas duas vezes em um intervalo de cinco anos em uma sequência de testes. Uma pessoa que bebia em torno de 10 a 40 doses de bebida alcoólica por semana – pelo menos nos últimos dois anos anteriores ao teste – foi definida como senso um ‘bebedor experiente‘. Já os ‘bebedores leves’ eram aqueles que consumiam menos de seis doses por semana. Uma dose de álcool corresponde a uma taça de vinho ou uma dose de vodca ou uma lata de cerveja. Os participantes mantiveram esses hábitos ao longo dos cinco anos. Antes do experimento, porém, os participantes consumiram uma dose de bebida para chegarem a uma determinada concentração de álcool na respiração.

A destreza motora foi analisada por um teste chamado Grooved Pegboard, que consiste em inserir pinos em uma placa giratória em movimento. Possíveis disfunções cognitivas e o processamento cerebral foram avaliados em um Teste de Substituição de Símbolos e Dígitos (DSST, na sigla em inglês), no qual os pesquisadores mostravam aos participantes símbolos que representavam números. Estes tinham 90 segundos para completar os símbolos nos locais correspondentes.

Os resultados mostraram que, embora os “bebedores experientes” tenham apresentado menos erros no teste dos pinos, seu desempenho no Teste de Substituição foi semelhante ao dos que bebem casualmente. Porém, o detalhe mais perigoso é que os experientes apresentaram menores níveis de autopercepção.  Isso significa que eles podem realizar algumas atividades que mostram um nível de embriaguez menor do que o real.

Para Ty Brumback, que é especialista em tratamento de vícios, a moral da história é que a tolerância ao álcool não é igual em todas as atividades e não oferece segurança contra acidentes. “Na verdade, pode levar a pessoa a julgar-se capaz de realizar tarefas ainda mais complicadas, que poderão prejudicá-la”, disse ele ao Daily Mail.

 

Fonte: Revista Veja