Álcool X Maconha: uma avaliação comparativa

Tempo de leitura: 2 minutos

Não se sabe se por falta de argumento, ou por pura provocação, toda vez que alguém se coloca contra a legalização da maconha, logo se ouve a comparação: mas o álcool é mais perigoso e é liberado.

Será mesmo?

Em comparação com medicamentos ou outros produtos de consumo, a avaliação do risco de abuso de drogas caracterizou-se como deficiente – muito disso é baseado na atribuição histórica e no raciocínio emotivo.

Os dados disponíveis são muitas vezes uma questão de suposições educadas, complementadas por alguns dados de pesquisa razoavelmente confiáveis ​​dos países desenvolvidos. Somente na última década, houve algumas abordagens para classificar qualitativa e quantitativamente o risco de abuso de drogas. Esses esforços tentaram superar as classificações legislativas, que muitas vezes se descobriram que não possuem base científica.

O UNODC (Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime) sugeriu o estabelecimento de um chamado Índice de Drogas Ilícitas (IDI), que continha uma combinação de um índice de dose (a relação entre a dose típica e uma dose letal) e um índice de toxicologia (níveis de concentração no sangue de pessoas que morreram de overdose em comparação com os níveis de concentração em pessoas que receberam o medicamento para uso terapêutico).

Apesar dos esforços iniciais para avaliações de risco baseadas em toxicologia, os métodos mais comuns ainda são baseados em classificações de especialistas e indicadores de danos, como toxicidade aguda e crônica, potência viciante e danos sociais.

Especialistas apontam que o problema também pode ter sido a nomenclatura aplicada em estudos anteriores, misturando “risco” como “dano”. Na avaliação de risco químico e toxicológico, o termo “dano” não é tipicamente usado, enquanto o perigo é a propriedade inerente de um agente ou situação com o potencial de causar efeitos adversos quando um organismo, sistema ou (sub) população é exposto a esse agente. O risco é definido como “a probabilidade de um efeito adverso em um organismo, sistema ou (sub) população causada em circunstâncias específicas por exposição a um agente”.

Uma nova metodologia de avaliação de risco, o Margin of Exposure (MOE na sigla em inglês e “Margem de Exposição”, em tradução livre), é uma abordagem inovadora adotada na Europa para comparar o risco de saúde de diferentes compostos e priorizar ações de gerenciamento de riscos. O MOE é definido como a relação entre o ponto da curva de resposta à dose, que caracteriza os efeitos adversos em estudos epidemiológicos ou em animais (a denominada dose de referência (DMO)) e a ingestão humana estimada do mesmo composto. Claramente, quanto menor o MOE, maior o risco para os seres humanos.

Assim, se não é muito simples afirmar, por exemplo, qual o mais prejudicial pra saúde: álcool ou maconha, fazer uma avaliação de riscos potenciais comparativos entre ambas é possível e necessário. E é o que você vai conferir no vídeo abaixo:

Fontes: ScienceBlogs & Scientific Reports