Neste caso, a diarreia é mental

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A diarreia – o popular ‘piriri’ – é uma doença muito comum que consiste na evacuação de fezes líquidas de forma frequente e sem controle. Ela pode ser tanto aguda quanto crônica, dependendo do tempo de duração dos sintomas.

Quando a diarreia é de origem infecciosa recebe o nome de ‘aguda’. Estima-se que cerca de 70% dos casos são virais e 30% bacterianos. Este tipo de diarreia também pode estar relacionada à presença de um parasita.

Já a diarreia crônica persiste por cerca de três a quatro semanas e pode indicar desde a síndrome do intestino irritado até condições mais graves, como doença de Crohn e colites ulcerosas.

De qualquer forma, ao primeiro sinal de piriri, muita gente corre para remédios cujo princípio ativo é o cloridrato de loperamina – um opióide, assim como a heroína.

Mas os cientistas achavam que a loperamina era toda absorvida pelo intestino, apenas para resolver a dor de barriga, não chegando ao cérebro.

Até alguém descobrir que altas doses de medicamentos com tal princípio ativo não apenas chegava ao cérebro como também causava euforia.

A ‘descoberta’ (ou seria uma ideia de “M…”?) rapidamente ganhou popularidade em fóruns da internet, onde 25% dos usuários tomavam as pílulas exclusivamente pela sensação de euforia. Eles relatam que chegam a tomar de 30 a 200 mg de loperamina por dia, enquanto que, no tratamento de diarreia, são recomendadas apenas 16 mg.

Obviamente que tem gente morrendo, afinal a diferença entre o remédio e o veneno é a dose, já afirmava Paracelso, médico e físico do século 16.

Uma pesquisa do Centro de Intoxicação de Nova York estudou dois casos de overdose em dois homens com histórico de abuso de drogas, que estavam tentando reduzir o impacto dos sintomas de abstinência de heroína usando (e abusando) da loperamina que, por isso, recebeu a alcunha de “metadona de pobre”.

De acordo com os pesquisadores, o número de postagens nas redes sociais falando sobre a droga aumentou consideravelmente, assim como o número de atendimentos de emergência nos EUA às pessoas que tomaram doses enormes do remédio – algo em torno de 71%.

As autoridades se preocupam porque o medicamento tem custo baixo e é muito acessível, além de não ser associado com nenhum estigma social negativo, como outras drogas. Com o estudo feito pelo Centro de Intoxicação de Nova York, a expectativa é pressionar os órgãos de regulação para que o remédio só possa ser comprado com receita, o que pode aumentar o ‘aperto’ daqueles que realmente sofrem com um piriri de última hora… .

 

Fonte: Superinteressante