Energéticos: benefícios não superam malefícios

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Pesquisa financiada pelo Instituto Nacional de Saúde nos Estados Unidos (NIH, na sigla em inglês) e publicada no Frontiers in Public Health, advoga que os altos níveis de cafeína e de açúcar das chamadas bebidas energéticas justificam a restrição e exorta autoridades de saúde pública e usuários a olhar mais atentamente para os malefícios que elas representam à saúde.

Resultado de uma mistura de açúcar, vitaminas, guaraná, ginseng e cafeína, algumas dessas bebidas possuem mais de oito vezes a quantidade de cafeína de uma dose de café (100 mg da substância por 30 ml, contra as 12 mg de um cafezinho).

Já sabemos que é possível uma overdose de cafeína, uma droga que causa dependência física e psicológica, uma vez que, para estimular o cérebro, utiliza os mesmos mecanismos das anfetaminas, cocaína e heroína.

Estudos anteriores estabeleceram que o consumo de cafeína começa a ficar tóxico para o organismo quando ele é superior a 400 mg/dia em adultos, 100mg/dia em adolescentes (12-18 anos) e 2mg/kg em crianças menores de 12 anos – os maiores riscos estão associados a disfunções no ritmo cardíaco.

Os autores da pesquisa defendem que órgãos reguladores de saúde pública devem considerar a legislação dessas bebidas em uma categoria diferentes de outras. Além disso, uma nova rotulagem também deveria informar sobre a quantidade total de cafeína e de açúcar, acompanhada das doses diárias recomendadas e dos níveis de toxicidade.

Ainda segundo o estudo, o uso abusivo de energéticos pode levar a danos nos rins, aumento da pressão arterial e desordem mental associada à agressividade e à ansiedade. Consumidos frequentemente, também elevam o risco de obesidade e de condições associadas ao alto consumo de açúcar – como o surgimento de cáries nos dentes e diabetes.

Alguns benefícios de curto prazo também foram encontrados, como a melhora da atenção e a restauração da fadiga. Mas para Josiemer Mattei, professor na Harvard Chan School de Saúde Pública, autor do levantamento, os benefícios não superam os malefícios que vão de privação do sono, até fadiga, cansaço, passando por dores de cabeça e dor de estômago. Até a irritabilidade também está associada ao consumo.

mostramos aqui que quando o energético é tomado com álcool ainda durante a adolescência, o centro de recompensas do cérebro é alterado em nível comparado ao uso de cocaína. Além disso, de acordo com este novo estudo, as bebidas mascaram os sinais do álcool, permitindo maior consumo, o que pode levar à desidratação e à intoxicação por bebida alcoólica.

E os números são preocupantes: os autores da pesquisa citam que 71% dos jovens adultos europeus declararam misturar a bebida com álcool. No Brasil, o mercado deste tipo de produto teve crescimento médio de 27% nos últimos anos, impulsionado em boa parte pelo consumo na vida noturna. E nos Estados Unidos, ainda de acordo com o estudo, a indústria cresceu 240% desde 2004 e está no caminho de render US$ 21 bi em 2017.

 

Fonte: Bem Estar/ G1