Distúrbio de games, algo a ser levado a sério

Tempo de leitura: 3 minutos

Pela primeira vez o popular “vício” em jogos de videogame passou a ser considerado um distúrbio mental pela Organização Mundial da Saúde.

A 11ª Classificação Internacional de Doenças (CID) irá incluir a condição sob o nome de gaming disorder (“distúrbio de games”, em tradução livre). O documento descreve o problema como padrão de comportamento frequente ou persistente de vício em games, tão grave que leva “a preferir os jogos a qualquer outro interesse na vida”.

Alguns países já haviam identificado essa condição como um problema importante para a saúde pública. Na Coreia do Sul, o governo criou uma lei para proibir o uso de games por pessoas menores de 18 anos entre meia-noite e seis da manhã. No Japão, os jogadores são advertidos caso passem mais do que uma certa quantidade de horas por mês jogando videogame e, na China, a gigante de tecnologia Tencent determina um limite de quantidade de horas que uma criança pode jogar (como já sabemos, a China, inclusive, foi o primeiro país a reconhecer o vício em internet como um problema mental).

Muitos como o Reino Unido, por exemplo, já têm clínicas autorizadas a tratar o distúrbio. É o caso do Hospital Nightingale em Londres, onde o especialista de vícios em tecnologia, Richard Graham, reconhece os benefícios da decisão da OMS.

A nova versão da CID guia será publicada neste ano trazendo códigos para as doenças, sinais ou sintomas para serem usados por médicos e pesquisadores ao rastrear e diagnosticar uma doença.

O documento irá sugerir que comportamentos típicos dos viciados em games devem ser observados por um período de mais de 12 meses para que um diagnóstico seja feito. Mas a nova CID irá reforçar que esse período pode ser diminuído se os sintomas forem muito graves. Os três critérios básicos a ser levado em conta você confere ao final deste artigo.

Graham, porém, alerta que é preciso tomar cuidado para não se cair na ideia de que todo mundo precisa ser tratado e medicado. Para ele “pais confusos” pensarão que seus filhos têm problemas, quando eles são apenas ‘empolgados’ jogadores de videogame. Um estudo recente feito na Universidade de Oxford sugeriu que, apesar das crianças no geral passarem cada vez mais tempo na frente das telas, isso não necessariamente representa vício.

O especialista inglês atende cerca de 50 casos de vício em videogame por ano e seu critério é: o jogo está afetando atividades básicas, como comer, dormir, socializar ou ir à escola? Se a resposta for sim, então pode ser um problema.

Neste artigo já havíamos publicado uma lista com dez sentimentos e ações que podem indicar perda de controle no uso da tecnologia. Agora, apresentamos os três critérios a serem levados  em conta para identificar o vício em games:

 

FALTA DE CONTROLE SOBRE O JOGO:

Não ter controle de frequência, intensidade e duração com que joga videogame;

AUMENTO DE PRIORIDADE QUE SE DÁ AO JOGO:

Priorizar jogar videogame a outras atividades, inclusive interesses vitais como dormir, comer, e rotinas do dia a dia;

ESCALADA DO TEMPO JOGANDO:

Continuar ou aumentar ainda mais a frequência com que joga videogame, mesmo após ter tido consequências negativas desse hábito.

 

 

Fonte: G1