Gaming disorder, a dependência de videogames

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Você já sabe que o vício em jogo, o jogo compulsivo, é chamado cientificamente de ludopatia – uma doença comportamental semelhante à dependência química dos usuários de álcool e outras drogas e, como elas, tem tratamento. Ou seja, o jogo patológico é um transtorno psiquiátrico e não um desvio de caráter.

Até então, somente a compulsão por jogos de azar – como bingos e caça-níqueis – estava na lista da Organização Mundial da Saúde (OMS). Porém, pressionada por médicos e acadêmicos, a entidade poderá também classificar o vício em games como um transtorno psiquiátrico. Para os especialistas, esta mudança pode facilitar o diagnóstico e o tratamento de quem faz uso excessivo de games, um dos passatempos favoritos entre os jovens.

A proposta está em discussão nos comitês que cuidam da revisão da Classificação Internacional de Doenças (CID), manual publicado pela OMS que traz a definição e os códigos das patologias. A 11.ª edição do documento que serve de parâmetro para o trabalho de médicos de todo o mundo já está sendo elaborada e deverá ser lançada no próximo ano. Sua versão preliminar lista o transtorno do jogo (ou gaming disorder, em inglês) como distúrbio psiquiátrico. Hoje, por não ser reconhecido como doença, esse tipo de comportamento seria classificado no grupo de “outros transtornos de hábitos e impulsos”.

Apesar do distúrbio dos jogos eletrônicos ter características diferentes do transtorno conhecido como jogo patológico, a possível inclusão do gaming disorder na CID-11 foi debatida no World Congress on Brain, Behavior and Emotions – congresso sobre o cérebro realizado em Porto Alegre – e confirmada pela OMS ao jornal O Estado de São Paulo.

Através de nota oficial, a organização explicou que o tema começou a ser discutido em 2014 após centros da entidade, médicos e acadêmicos expressarem preocupação sobre possíveis implicações à saúde associadas à prática excessiva de jogos de videogame e de computador. E que as consultas e evidências apresentadas desde então levaram à proposta atual de que o transtorno do jogo possa ser uma síndrome “reconhecível e significativa associada à angústia ou à interferência com funções pessoais”.

Os especialistas que atendem jovens dependentes de videogames apontam que a principal característica que diferencia jogadores saudáveis dos viciados é justamente a interferência desse hobby nas demais atividades cotidianas.

No Brasil não existe uma estimativa de quantos jovens sejam viciados em games, mas estudos americanos e europeus indicam que apenas 1% a 5% dos que jogam desenvolvem um comportamento dependente. O problema é mais grave em países asiáticos, aonde a prevalência chega a 10%.

Incluir o transtorno do jogo na CID-11 facilitaria o trabalho dos especialistas no diagnóstico e tratamento do problema, de acordo com os médicos e a própria OMS.

O Instituto Delete listou sentimentos e ações que podem indicar perda de controle no uso da tecnologia. Abaixo apresentamos as dez situações. Caso você se identifique ou reconheça um parente em pelo menos cinco delas, é possível que haja algum tipo de dependência digital. Confira:

Abandono: Fica triste se não recebe ligações ou mensagens ao longo do dia.

Solidão: Usa a internet para evitar a sensação de estar só.

Comunicação: Ignora pessoas ao seu lado para se comunicar pela internet.

Offline: Sente-se deprimido, instável ou nervoso quando não está conectado e isso desaparece quando volta a se conectar.

Direção perigosa: Envia ou consulta mensagens no celular enquanto dirige.

Insegurança: Autoestima baixa quando os amigos recebem mais “curtidas”.

Mundo virtual: Deixa de fazer atividades na vida real para ficar na internet.

Viagens: Já deixou ou deixaria de viajar para não ficar desconectado.

Comparação: Fica triste quando vê nas redes sociais que seus amigos têm vida mais interessante do que a sua.

Relacionamento: Passa por conflitos de relacionamento por ficar muito tempo conectado.

 

Fonte: Estadão Saúde