Heil, Hitler – o dependente 2

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A neurologista Virna Teixeira, especializada em dependência química pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), afirma que Adolf Hitler era usuário de Pervitin, uma droga à base de metanfetamina, conforme vimos neste artigo.

Dando continuidade ao assunto, segundo o autor de um livro sobre o uso de estimulantes durante o nazismo, o ditador chegou a tomar decisões importantes sob o efeito de cocaína e outras drogas, como heroína e morfina.

O especialista alemão Nornam Ohler se baseou em arquivos históricos encontrados em Berlim, como diários do médico pessoal de Hitler, Theodor Morell, para escrever sua obra Blitzed (algo como intoxicado ou “chapado” e também uma referência ao blitzkrieg, a tática de guerra-relâmpago nazista).

Hitler conheceu Morell em 1935, quando o médico, então, lhe receitou vitaminas para se sentir melhor e evitar resfriados. Durante as batalhas contra a Rússia, em 1941, Hitler ficou doente e isso causou uma agitação no quartel-general nazista, já que o Fuhrer jamais adoecia e se mostrava sempre enérgico. Foi então que, pela primeira vez, o Fuhrer tomou hormônios, esteroides e até abstratos de fígado de porco, injetados em seu braço. Funcionou, e assim ele se manteve até o próximo estágio de dependência, em 1943. Neste mesmo ano, segundo um vídeo elaborado pela BBC, Ohler relata um episódio específico em que, durante uma reunião com o ditador italiano Benito Mussolini, um eufórico Hitler falou ininterruptamente até convencer o fascista a não apresentar sua rendição aos Aliados. Segundo o especialista alemão, nesse dia o nazista havia utilizado uma droga sintética derivada do ópio, semelhante à heroína. “A situação começou a ficar um pouco constrangedora porque ele realmente estava louco”, comentou.

Theodor Morell, porém, não era o único – e o livro de Ohler não menciona isso. Acontece que, convencido da eficácia de suas proteções ocultas, Hitler se cercou de um verdadeiro clã de magos. Ou melhor, dois clãs. No segundo, estava Himmler ladeado por seu ajudante e mago Wilhelm Wulff. E Wulff tratava Hitler com drogas que ele considerava sagradas, fazendo com que, apesar de estar com cinquenta anos, Adolf já se apresentasse senil.

O uso de drogas, ‘sagradas’ ou não, afetou não somente seu sistema motor, mas as decisões estratégicas tomadas pelo Fuhrer. Ohler afirma no livro que a Batalha das Ardenas foi arquitetada e comandada quando Hitler estava sob efeito de cocaína. Trata-se da contraofensiva alemã lançada no final de 1944, sua última grande cartada. A operação foi planejada em segredo com o objetivo de forçar os países aliados a negociar um tratado de paz.

Mas, se Hitler tinha um ‘clã de magos’, os aliados também usavam do mesmo artifício. No caso, um médium notável, Louis de Wohl, refugiado húngaro. Ele ‘leu’ o pensamento dos clãs do Fuhrer e comunicou ao MIV (Military Intelligence) britânico. Guderian, chefe da frente oriental do exército alemão, protestou contra a ofensiva – e foi rechaçado por Hitler. Como a história registra, a superioridade aérea dos aliados massacrou as tropas nazistas.

Ironicamente, Hitler costumava pregar vários tipos de abstinência, inclusive a sexual. Também não bebia café, aboliu a carne de sua alimentação e dizia que “quanto mais um homem sobe na vida, mais precisa se abster”.

 

Fontes: G1 & Hitler, médium das trevas, de Jean Prieur (Ed. Lachatre)