Tô nem aí: adictos se importam menos com outras pessoas

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A psicóloga Maria Pagano, da Case Western Reserve University (Cleveland, EUA), estudou o comportamento de 585 jovens secundaristas, classificando-os segundo seus hábitos com álcool e outras drogas. Pagano mediu três variáveis: dirigir bêbado, fazer sexo desprotegido e se interessar por trabalho voluntário.

O resultado apontou, entre outras coisas, uma correlação 100% maior em jovens que abusavam de drogas ou álcool em fazer sexo desprotegido – mesmo quando eles sabiam que tinham doenças sexualmente transmissíveis – que com aqueles que não usavam.

Em resumo, dependentes de álcool e/ou outras substâncias tendem a colocar outras pessoas em risco mais que o normal, fazendo mais sexo sem camisinha ou dirigindo mais vezes intoxicados, por exemplo.

Como já mostramos nesta matéria, uma pesquisa realizada pela Universidade Federal de São Paulo comprovou que jovens fazem sexo sem proteção após excesso de álcool – e em vários casos eles nem sequer lembram-se disso

A princípio pode parecer uma simples questão de irresponsabilidade movida por álcool e drogas, porém há um fator que faz toda a diferença: jovens com algum tipo de adicção pouco se dedicam a trabalhos voluntários, não se preocupam em ajudar aos outros.

Já sabemos que dependentes químicos não se importam com a opinião alheia e sequer entendem como seu problema afeta seus entes queridos. Isso explica como a doença pode destruir suas vidas sociais e também como é difícil convencê-los a se tratarem. “O adicto é como um tornado passando pela vida dos outros”, afirma a psicóloga Pagano. “Mesmo quando estão se recuperando, há poucos indícios que eles entendem como suas ações impactam aqueles em sua volta. Isso é parte de sua doença”.

A pesquisa, é claro, não pretende criminalizar os dependentes químicos, afinal eles também sofrem com a própria doença. Esse fator da insensibilidade é apenas algo que deve ser levado em consideração ao se planejar tratamentos, afirma Pagano, que pretende descobrir formas para diminuir essa parte do problema.

Uma de suas apostas é justamente o trabalho voluntário: ressensibilizar o paciente aos problemas dos outros.

 

Fonte: Superinteressante