Quanto mais inteligência, menos cigarro

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De acordo com um estudo realizado pela equipe de pesquisa da Universidade Livre de Amsterdã, na Holanda, a inteligência é hereditária.

Os cientistas identificaram 52 genes ligados à inteligência humana, sendo 40 deles inéditos. Publicado na revista científica Nature, o estudo ainda revela que pessoas que tiveram melhor desempenho em testes de QI nunca haviam fumado.

Após analisar amostras de cerca de 80.000 pessoas selecionadas a partir do banco de dados biológico do Reino Unido, a equipe identificou como os genes atuavam na inteligência. Para isso, os cientistas estudaram as similaridades das sequências genômicas entre gêmeos e suas pontuações de QI. Os resultados mostraram que os gêmeos idênticos tendem a ter resultados mais parecidos entre si do que entre os gêmeos fraternos.

Utilizando de tecnologia avançada, os cientistas puderam identificar os marcadores genéticos por trás dos bons resultados. Eles encontraram 52 genes ligados à inteligência humana, sendo 40 deles inéditos.

O que chamou a atenção foi o fato de que as variações genéticas “mais inteligentes” foram mais frequentes entre aqueles que nunca fumaram. As mesmas variações também foram observadas entre aqueles que fumaram, mas conseguiram parar.

Segundo Danielle Posthuma, principal autora do estudo, os genes identificados, entretanto, representam apenas uma parcela das variações obtidas nos exames. “Isso significa que temos um longo caminho a percorrer e ainda existem muitos outros genes importantes a serem descobertos”, explicou ela.

Os cientistas consideraram, porém, que as influências externas também representam um papel fundamental nas habilidades mentais. O ambiente exerce seus próprios efeitos no aprendizado e funcionamento do cérebro. Stuart Ritchie, geneticista da Universidade de Edimburgo, explica que compreender “a biologia de algo não significa reduzi-la ao determinismo”. Basta, por exemplo, observarmos que em locais insalubres, a presença de chumbo na água potável e a deficiência de iodo podem prejudicar o desenvolvimento intelectual das crianças, sendo necessário algum tipo de suplementação.

Stuart também cita a miopia como exemplo: apesar de seus fatores genéticos, pode ser corrigida com o uso de óculos.

O próximo passo dos cientistas é entender os genes descobertos. Quatro dos que foram identificados são conhecidos por controlar o desenvolvimento de células e outros três por atuar no funcionamento dos neurônios. A equipe afirmou que serão necessários experimentos em células cerebrais de forma a se entender o que torna esses genes especiais na formação do intelecto.

Apesar de este estudo ter avaliado apenas uma amostra da população europeia, pesquisas anteriores mostraram que as variações dentro de um grupo podem limitar a compreensão em relação a outras populações. Comparar variações genéticas entre diferentes grupos pode ser uma linha de pesquisa importante, pois os pesquisadores acreditam que muitos outros genes relacionados à inteligência ainda são desconhecidos.

 

Fonte: revista Veja