Uma intrigante coincidência (?)

Tempo de leitura: 2 minutos

Segundo o jornal The New York Times, o National Institute on Drug Abuse, nos Estados Unidos, está com uma questão intrigante nas mãos. De acordo com um estudo dirigido pela diretora do instituto, Nora Volkow, o uso e a experimentação de drogas ilícitas entre jovens atingiu o nível mais baixo dos últimos 30 anos.

Então você deve estar se perguntando: e o que há de tão intrigantes nisto? Acontece que a tecnologia pode ser um dos fatores que contribuíram para tal queda. E daí? – você deve estar questionando de novo.

E daí que, de acordo com os cientistas, teria que ser o inverso: há uma aceitação cada vez maior de algumas dessas drogas, incluindo o álcool, sem contar a ascensão de substâncias sintéticas entre os jovens (lembrando que este ano, a ONU, através de seu escritório sobre drogas e crime em Viena, o Unodc, divulgou um relatório mundial com dados alarmantes).

A própria Volkow levanta duas as hipóteses sobre estes números. Na primeira, os adolescentes estão usando drogas em menor quantidade porque estão constantemente entretidos e estimulados por computadores, smartphones e outros aparelhos. A tecnologia pode ser uma alternativa que desperta sensações parecidas ou que causam um bem-estar a ponto de fazer com que o consumo dessas substâncias seja ignorado.

Consultada pelo The New York Times a doutora Silvia Martins, a especialista em drogas da Universidade de Columbia (EUA) disse que, de fato, “jogar games e usar redes sociais preenche a necessidade da busca por sensações, a necessidade de buscar atividades inéditas”. Mas alertou que isso “ainda precisa ser provado”.

Afinal, há pelo menos 4 anos, especialistas já lidam com o novo transtorno mental: a dependência de tecnologia. A forte dependência do celular, já batizada de nomofobia, aparenta muito com o comportamento adicto, e com certeza levanta questões interessantes para sociologistas e psicólogos debaterem por muitas décadas.

A segunda teoria de Volkow é, também, a menos provável: a de que o tempo gasto nos smartphones está consumindo um período antes usado para festas e reuniões em que o consumo de drogas era mais frequente.

Porém, a pesquisadora sabe que tudo ainda não passa de hipóteses, e estudos a serem realizados nos próximos meses vão ou não confirmar essas teorias — embora ela acredite que o cruzamento desses dados dificilmente seja só uma coincidência.

 

Fonte: The New York Times