…E o álcool levou

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De acordo com o neurocientista da USP Gilberto Xavier, a memória de uma pessoa que bebe muito teria uma espécie de ‘senha’ que seria acionada ao se reproduzir as condições em que as memórias foram adquiridas. Ou seja, para relembrar o que aconteceu durante uma bebedeira, a pessoa teria que beber de novo.

O álcool intoxica a mente de diversas maneiras atacando, por exemplo, os neurônios de outras partes do cérebro, incluindo o córtex frontal, responsável, entre outras coisas, por manter a atenção. Assim, os bêbados também não conseguem se concentrar. Mesmo quando não ocorre uma amnésia completa, esquecem alguns detalhes. O córtex frontal também controla a autocrítica, portanto, quando é intoxicado, o embriagado perde a noção do que deve fazer ou dizer.

Além disso, quem bebe em excesso perde a sensibilidade à dor porque as células do córtex sensitivo são inibidas pelo álcool.

Outro efeito da intoxicação por álcool na mente ocorre quando o bulbo cerebral é afetado. Como ele comanda a circulação, pode derrubar a pressão e provocar enjôos e vômitos. Já o cerebelo, que cuida da coordenação motora e do equilíbrio, quando intoxicado deixa o alcoolizado tonto e desastrado.

Mas o grande problema, mesmo, está no hipocampo. Isso porque o excesso de bebida pode lesionar esta região do cérebro que registra as lembranças e grava a memória.

Os neurônios do hipocampo, quando atacados pelo álcool (que tem efeito inibidor) não conseguem trabalhar direito. Por isso, por mais que se esforce, a pessoa que se excedeu na bebida a ponto de perder a memória, não consegue recordar o que aconteceu no dia anterior, já que as lembranças desapareceram para sempre. O hipocampo nem sequer as gravou.

A amnésia é, portanto, o resultado de uma intoxicação intensa, e isso pode até mesmo matar as células nervosas. Sendo assim, perder a memória após uma bebedeira é um aviso do cécerebro de que já passou da hora de parar de beber.

 

Fonte: Superinteressante