Um lápis na mão e LSD na cabeça

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O LSD é uma droga alucinógena e psicodélica feita a partir de um fungo. Vendida em cartelas, causa ‘viagens’ que duram horas e horas, mas também podem levar a “bad trips” incontroláveis durante todo o efeito, a depender do estado psicológico do usuário. Em longo prazo, pode causa esquizofrenia, além de ataques de pânico e “flashbacks” (quando a viagem volta meses depois, do nada).

Por isso mesmo, as pesquisas feitas com o LSD enfocam, geralmente, o mapeamento do cérebro humano sob efeito da droga.

Já na década de 1950, o governo dos Estados Unidos fez muitos experimentos com drogas simpatomiméticas. Em uma delas, um experimento particular, foi feito um monitoramento do comportamento das pessoas após a administração de doses de LSD em seres humanos.

O autor da pesquisa, Oscar Janiger, psiquiatra da Universidade da Califórnia-Irvine, é muito conhecido por seu trabalho com ácidos. Nesta em particular, ele deu a um artista uma caixa de atividades cheia de lápis de cor e pediu que ele desenhasse suas experiências no LSD.

Como podemos avaliar nas nove imagens ilustrativas abaixo, os resultados são tão extraordinários como seria de esperar – mas isso, claro, não é um elogio.

A princípio tudo parece normal, mas não demora muito para que a percepção do artista sobre a realidade comece a se deformar e seus desenhos capturam em detalhes fascinantes as várias etapas de sua jornada alucinógena – do começo ao fim.

Estas imagens foram postadas online recentemente por alguém que usa o nome juraganyeri. Confira:

20 minutos após a primeira dose (50ug). O médico Oscar Janiger observa o paciente e anota que ele escolheu “começar a desenhar com carvão vegetal”, reportando que a condição é normal, “sem efeito do medicamento ainda”:

85 minutos após a primeira dose e 20 minutos depois de uma segunda dose ter sido administrada (50ug + 50ug). Aparentando euforia, o paciente narra que “posso vê-lo claramente, de forma bem clara. Isso… você … isso é tudo … Estou tendo um pequeno problema para controlar esse lápis. Parece querer continuar”:

2 horas 30 minutos após a primeira dose (3/9). Segundo o médico, o paciente parece muito focado em realizar seu desenho. “Os contornos parecem normais, mas muito vívidos – tudo está mudando de cor. Minha mão deve seguir o contorno ousado das linhas. Eu sinto como se minha consciência se situasse na parte do meu corpo que agora está ativa – minha mão, meu cotovelo… minha língua ‘:

2 horas 32 minutos após a primeira dose. O paciente parece fissurado no seu bloco de papel e afirma que está “tentando outro desenho. Os contornos do modelo são normais, mas agora os do meu desenho não são. O esboço da minha mão também fica estranho. Não é um desenho muito bom, é isso? Eu desisto, vou tentar de novo… ‘:

2 horas 35 minutos após a primeira dose. O paciente segue rapidamente com outro desenho. “Eu vou fazer um desenho em um aparecer… sem parar… em uma linha, sem intervalo!”.  Ao completar o desenho, ele começa a rir e, depois, fica assustado com algo no chão:

2 horas 45 minutos após a primeira dose. Aparentando estar agitado de forma geral, o paciente tenta escalar a caixa de atividades. Responde lentamente ao ser questionado se gostaria de desenhar mais. Ele se tornou praticamente não verbaliza. “Eu sou… tudo é… mudou… eles estão chamando… seu rosto… entretecido… quem é…” Paciente murmura inaudivelmente uma melodia que parece dizer “obrigado pela memória’. E resolve mudar para tinta:

4 horas 25 minutos após a primeira dose. Após deitar em um beliche, onde ficou aproximadamente 2 horas deitado, acenando com as mãos no ar, o paciente retornou à caixa de atividades de forma repentina e deliberada, mudando para caneta e aquarela. “Este será o melhor desenho, como o primeiro, apenas melhor. Se eu não tiver cuidado, eu vou perder o controle de meus movimentos, mas não vou, porque eu sei. Eu sei”. Ele repete essa mesma sequência de frases várias vezes e faz a última meia dúzia de traços do desenho enquanto corre de um lado para o outro na sala:

5 horas 45 minutos após a primeira dose. O paciente continua a se mover pela sala, cruzando o espaço de diversas formas complexas, sem padrão. Passa uma hora e meia antes dele decidir desenhar novamente – e comenta sob os efeitos da droga: “Posso sentir meus joelhos novamente, acho que está começando a desaparecer. Este é um desenho muito bom, este lápis é muito difícil de segurar”:

8 horas após a primeira dose e o paciente fica sentado no beliche. Ele diz que a intoxicação desapareceu, exceto pela distorção ocasional de nossos rostos. O psiquiatra lhe pede um desenho final, algo que ele realiza com pouco entusiasmo. “Não tenho nada a dizer sobre este último desenho, é ruim e desinteressante, quero ir para casa agora”:

 

Fonte: HypeScience via Bored Panda