A mente mente, ainda que sóbria

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Pouca gente sabe que nosso próprio corpo pode nos enganar, fazendo-nos acreditar que estamos mais embriagados do que de fato estamos. Mais bizarro ainda: ele pode até produzir o próprio álcool. Vamos explicar melhor, abaixo:

No réveillon de 2016 uma motorista de Nova York foi parada em uma blitz e por causa de seus olhos vermelhos e fala enrolada precisou fazer o teste do bafômetro. O número que apareceu na maquininha era quatro vezes maior que o limite para dirigir naquele Estado, o que deixou a moça muito confusa, já que ela sequer havia bebido naquele dia.

Levada para o hospital pelos policiais, ela foi examinada por médicos, que a diagnosticaram com uma doença chamada de síndrome de fermentação intestinal. Esse problema é raro, e acontece quando há presença excessiva do fungo Saccharomyces cerevisiae, que transforma todo açúcar ingerido em etanol. O tratamento é feito com remédios que combatem fungos e uma dieta que restringe a ingestão de açúcares e carboidratos.

Detalhe: quem tem essa síndrome sente os incômodos da ressaca o tempo todo, assim como tontura e fadiga.

De acordo com uma pesquisa, seu cérebro pode te deixar mais embriagado quando é pego de surpresa pelo álcool, um fenômeno chamado de tolerância específica situacional, e sua explicação é simples: quando você está em um bar, vendo pessoas consumirem cerveja e sentindo o cheiro de bebidas alcoólicas, seu cérebro se prepara para a ingestão do álcool, pois ele já está condicionado ao ambiente. Porém, quando você pega o seu cérebro de surpresa, você fica menos tolerante aos efeitos do álcool.

Por falar em bar e pessoas bebendo, certamente você acredita ficar mais embriagado quando vai naquele happy hour da empresa porque bebeu mais. Acontece que apenas três cervejas com os colegas podem fazer o serviço de oito ingeridas quando está com os amigos que não são do trabalho ou com a família.

Mais uma vez, isso acontece porque o cérebro fica muito confuso com a situação. Ele está acostumado a se comportar de uma forma quando está em um ambiente de trabalho, e quando começamos a beber, ele tenta analisar as dicas sociais que te indicariam como se comportar naquela situação.

As confusões do cérebro ficam ainda melhores definidas quando analisamos dois mitos, devidamente comprovados em pesquisas.

Uma delas mostrou que colocar os pés em uma bacia com vodca não altera o nível de álcool no sangue. Mesmo assim, os participantes deste estudo ficaram mais tagarelas e autoconfiantes com o passar do tempo, como se realmente estivessem ficando bêbados. O que aconteceu foi que o cérebro produziu este estado apenas porque os participantes quiseram.

Em outra pesquisa, os participantes também ficaram embriagados sem ingerir uma gota de álcool. Aconteceu em 2015, quando pesquisadores da Nova Zelândia que queriam saber mais sobre o efeito do álcool na memória espalharam rumores de que iriam conduzir um experimento relacionado com bebidas alcoólicas.

Em seguida, convidaram voluntários a participar e dois grupos foram formados: um que receberia tônica com vodca, e outro que receberia apenas tônica e suco de limão. Acontece que o grupo que teoricamente tinha recebido um drink alcoólico na verdade ganhou apenas a tônica com limão. E, adivinhe, os voluntários desse grupo exibiram os mesmos comportamentos que uma pessoa embriagada mostraria. Até a formação de memória ficou alterada, com relatos de períodos inteiros que não foram registrados.

 

Fontes: Health & Cracked, Psychology Today