Maconha e saúde mental: é cadeia ou cemitério

Tempo de leitura: 2 minutos

A espanhola Montserrat Boix é mãe de um rapaz com graves transtornos mentais. O motivo? Maconha.

“Estes problemas não estão sendo levados a sério o suficiente. Parece que aqueles que propõem o consumo livre da maconha têm mais poder na sociedade e na mídia. Não se fala dos efeitos secundários, e eles são gravíssimos”, lamenta Boix.

As declarações de Montserrat foram feitas à Plataforma pela Família Catalunha-ONU, que, além de divulgar os problemas das famílias afetadas, prepara conferências familiares sobre saúde mental em parceria com o governo local de Barcelona. Para Montserrat, as instituições da sociedade não estão agindo eficazmente diante das graves situações de famílias que têm de lidar com casos de transtorno mental.

A polícia, por exemplo, nunca localizou o filho dela nas várias ocasiões em que ele fugiu da clínica psiquiátrica na qual estava em tratamento. Já os políticos, segundo ela, se interessam muito pouco pela situação das famílias que enfrentam esse tipo de desafio.

Montserrat também se posiciona sobre a legalização da maconha: “se a questão é vender em farmácias com receita médica para algum tratamento, de acordo. Mas se é para permitir a venda livre e sem nenhum controle, rejeitamos de maneira absoluta”. E explica o motivo: “a maconha destruiu o cérebro do nosso filho e de muitos outros jovens. Eles começaram a fumar ‘baseados’ aos 12, 14 anos, idades em que acontecem grandes mudanças no organismo e na mente, e os neurônios deles foram afetados de modo muito negativo. Não somos só nós, os pais, que dizemos isso, mas também os médicos”.

O filho de Montserrat tem 27 anos. Ela descreve a convivência com ele como “muito difícil”: “ele é agressivo, não respeita quaisquer horários, não toma a medicação para tratar seu transtorno, consome drogas e foge de casa com frequência”. “Não podemos fazer nada além de temer que o nosso filho volte a cometer algum crime para ser preso e receber algum tratamento na cadeia. Ou que alguém o mate numa briga. Pessoas nessa situação acabam ou na cadeia ou no cemitério”, prossegue ela, desesperada.

Na Espanha, os antigos manicômios para pessoas com transtornos mentais foram extintos na década de 1970, mas não foram substituídos por outras instituições que, ao mesmo tempo, os tratem adequadamente e protejam o resto da sociedade. “Não é oferecido nada para os doentes mentais severos, agressivos e que consomem drogas”, denuncia, assegurando que são muitas as famílias em situação semelhante à dela.

E faz um apelo: “nós, pais e mães, estamos desesperados e nos sentimos impotentes diante desta situação”.

 

Fonte: Aletera