Para cuidar da saúde sem abrir mão do chocolate

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Especialistas em nutrição do Comitê Científico Consultivo de Nutrição, do Reino Unido, alertam que a maioria das pessoas tem consumido pelo menos o dobro do limite de açúcar recomendado, que não deveria ultrapassar 5% do total de calorias diárias (algo em torno de sete colheres de chá). A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que as pessoas limitem seu consumo diário a 10% do valor calórico. No Reino Unido, este consumo atualmente está na casa dos 17% de calorias ingeridas diariamente.

Uma única lata de refrigerante, por exemplo, contém nove colheres de açúcar.

Por isso, uma boa parte da pressão pela redução do açucar se concentra nas bebidas. Recentemente, a PepsiCo anunciou o compromisso de investir bilhões de dólares no desenvolvimento de novas bebidas e na reformulação das marcas existentes.

Por este caminho saudável segue a gigante de alimentos Nestlé: a empresa anunciou o desenvolvimento de uma nova estrutura para os cristais de açúcar, incluindo apenas ingredientes naturais que se dissolvem mais rápido, permitindo aos produtos da empresa utilizar uma quantidade consideravelmente menor de açúcar, mas sem qualquer impacto no sabor e na qualidade do produto.

“A empresa estima reduzir o açúcar total em até 40% de seu portfolio de produtos, resultando em uma maneira completamente nova de usar um ingrediente tradicional e natural”, diz em comunicado Stefan Catsicas, vicepresidente executivo de tecnologia, pesquisa e desenvolvimento da Nestlé.

Esta descoberta vem no bojo de algo maior. Em 2015 a empresa investiu US$ 1,7 bilhão globalmente em Pesquisa & Desenvolvimento, em especial para os negócios de alimentos e bebidas, arquivando um total de 292 patentes. Em todo o mundo, a Nestlé cortou a quantidade de açúcar em 18 mil toneladas. No Brasil, a meta de 2016 de diminuir açúcares no portfólio brasileiro foi alcançada em 2014, com uma queda total de 23%. Ainda de  acordo com a empresa suíça, 79 produtos registraram algum tipo de redução ou melhoria nutricional apenas este ano.

Contando com 200 parceiros externos, cientistas de alimentos, entre outros especialistas nesse trabalho, a Nestlé também pretende diminuir a quantidade de sal e gordura saturada e aumentar a de vitaminas, minerais e grãos inteiros.

O novo açúcar começará a ser usado em diferentes produtos da marca a partir de 2018, e os responsáveis podem eventualmente vender o ingrediente a outras empresas. No entanto, por ainda estar em processo de patenteamento, a Nestlé não divulgou como o processo é feito, mas adiantou que o ingrediente não é algo que poderá ser usado para adicionar ao café ou para adoçar refrigerantes.

Robert Lustig, endocrinologista da Universidade da Califórnia em San Francisco, considera o açúcar a maior crise de saúde pública da história e afirma que ele é tão prejudicial que deveria ser sujeito à regulamentação como o álcool e o cigarro.

 

Fonte: Revista Exame