“Tem pai que é cego!”

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Na década de 1980, Jô Soares em seu programa “Viva o gordo” fazia, entre muitos, o personagem Tavares, pai excessivamente indulgente com seu filho e responsável pelo famoso bordão “tem pai que é cego”.

Com sua verve habitual, Jô encarnava o personagem que não via certas tendências do rebento, apesar de o comportamento do filho demonstrar o contrário do que apregoava. A frase, então, tornou-se famosa por expressar a superproteção paterna que impede o pai de ver o que realmente se passa com seus filhos.

E é o que acontece quando o assunto é drogas e álcool na adolescência: a maior parte dos pais prefere acreditar que o problema existe, mas com o vizinho, e não com os próprios filhos. Isso é o que sugere um novo estudo norte-americano, que descobriu que a maior parte dos pais crê que mais da metade dos adolescentes ingerem álcool – mas eles não incluem os próprios filhos nessa estatística.

Apenas 10% dos pais acreditam que os seus filhos ingeriram álcool no último ano, e 5% acham que seus filhos adolescentes fumaram maconha nesse período.

Esses números reduzidos contrastam com a realidade, já que um levantamento recente mostrou que 52% dos adolescentes pesquisados relataram ter ingerido bebidas alcoólicas e 28% afirmaram uso de maconha no último ano. Essa pesquisa foi realizada com cerca de 420 escolas públicas e privadas de ensino médio e ensino fundamental dos Estados Unidos, o que forneceu uma representação bastante precisa dos estudantes de diferentes níveis no país.

Mas enquanto os pais parecem acreditar que seus filhos estão longe das drogas e do álcool, eles certamente não acreditam que os colegas de seus filhos são tão inocentes assim. De acordo com o estudo, 60% dos pais afirmaram que acreditam que colegas de seus filhos beberam álcool e 40% crê que eles usaram maconha no último ano.

O quadro que indica que os pais esperam que os problemas com drogas e álcool não acontecerão dentro de casa mostra a necessidade de conscientização sobre o uso dessas substâncias na adolescência. A sugestão dos pesquisadores é a de que os pais abordem o assunto com os filhos adolescentes de uma forma não ameaçadora, e que falem com eles sobre a importância de resistir à pressão negativa dos colegas.

Os pesquisadores também sugerem que os pais acompanhem a vida dos filhos e procurem sinais do uso dessas substâncias. Mas sem exageros: se os pais descobrirem que o filho já passou por uma experiência do tipo, a oportunidade deve ser aproveitada para conversar com os adolescentes, e não para puni-los. O mais importante é sempre o diálogo e o jogo limpo – tanto da parte dos pais quanto dos filhos.

 

Fonte: LiveScience

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