Pornografia demais é um atraso – e pode trazer problemas graves

Tempo de leitura: 3 minutos

mostramos aqui que, de acordo com pesquisadores da Universidade de Cambridge (Reino Unido), para viciados em sexo, a pornografia desencadeia uma atividade cerebral semelhante ao efeito que as drogas têm sobre o cérebro de viciados em drogas.

Desta forma, quando um vídeo proporciona prazer, esse prazer leva a pessoa a buscar outro vídeo. Assim, cada novo clique é um estímulo para o centro de recompensa, que se torna dependente dessa anestesia constante.

Chega uma hora, porém, que os vídeos corriqueiros não são mais suficientes. Assim como acontece aos usuários de drogas, a pessoa vai desenvolvendo uma tolerância e começa a precisar de mais para se satisfazer. E então começa a buscar coisas mais pesadas e ilegais, como cenas reais de estupro e pedofilia. Neste ponto, muitos decidem procurar ajuda.

Grupos de apoio para usuários compulsivos de pornografia já existem há algum tempo, mas agora surgem na internet grandes fóruns para discutir o tema e buscar soluções.

O psiquiatra Gary Wilson é o responsável pelo maior portal sobre o tema, o yourbrainonporn.com. Gary, que já fez uma palestra no TED sobre os efeitos da pornografia no cérebro, atribui à pornografia mudanças de etiqueta e estética antes restritos a atrizes pornô e que passaram a fazer parte do cotidiano, como depilações radicais, cirurgias íntimas e clareamento dos genitais. Ao mesmo tempo, diz ele, as pessoas estão começando a questionar “se é isso que elas querem para as suas vidas. Muitas chegam à conclusão de que pornografia demais é um atraso”.

Além disso, o vício em pornografia pode estar trazendo problemas mais graves, como disfunção erétil, dificuldade para ejacular, e casos de pessoas que não conseguem, ou nem fazem mais questão, de conhecer alguém “real” ou sair de casa, como o caso de Jim que apresentamos neste artigo. E, assim como ele, muitos jovens têm chegado à conclusão que a pornografia está tirando um tempo precioso de suas vidas. Segue daí aquela sensação de repugnância e derrota quando a euforia chega ao fim.

Medidas extremas, entretanto, também não são recomendadas. Afinal, a masturbação surgiu para que o estoque de sêmen fosse renovado, mantendo o esperma jovem e competitivo. O que a pornografia faz é simular e acelerar o processo, já que, a cada novo vídeo, uma fêmea diferente está sendo fecundada. Isso explica, inclusive porque os homens são maioria nos acesso à pornografia (estima-se que 70% do público dos sites adultos é masculino. As mulheres ficariam com os 30% restantes. Mas este é um número que vem crescendo, como já tratamos nesta matéria).

Acontece que a masturbação não vem de um instinto animal, mas da imaginação humana. É a cognição humana que faz com que um adulto se masturbe a cada 72 horas em média. O problema é quando a cognição vira compulsão.

Portanto, a biologia evolutiva explica por que alguns não conseguem deixar de lado os sites pornôs – e também porque a pornografia nunca vai acabar. Mas é preciso estar consciente dos riscos e apreciar com moderação.

 

Fonte: Superinteressante