DROGAS: Preconceito e Estigma Matam

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Em certo momento de sua vida, Albert Einstein mencionou que era mais fácil desintegrar um átomo do que um preconceito. E este preconceito de pessoas para com os dependentes químicos e/ou adictos existe e este estigma é como ferro quente marcando vidas e comportamentos.

A dependência química é considerada uma doença pela OMS, mas muitos a veem como uma falta de caráter, uma degradação moral, criando termos pejorativos, difamatórios e depreciativos como: “nóia”, “zumbi”, “maconheiro”, “crackeiro”, “bêbado”, “chaminé” e alguns pseudo termos técnicos como “mentirosos inteligentes” e “manipuladores” para contextualizar, muitas vezes, uma história de um indivíduo – no caso, o dependente ou adicto -,sem ao menos atentar do que é ou foi a sua vida.

Este modelo moral sobre o consumo de drogas, caquético, ultrapassado e obsoleto, ainda persiste no entendimento de uma grande parcela da população. Até, inclusive, daqueles que se predispõe a ajudar ou tratar de dependentes químicos ou pessoas com transtornos mentais decorrentes do uso de substâncias psicoativas – e a mudança para um processo de recuperação sadia, lento e doloroso, de uma sociedade, e seus dependentes químicos, é através da prevenção, informação e educação.

Existem no Brasil aproximadamente, 37 milhões de dependentes químicos em drogas lícitas e ilícitas, 50% da população brasileira faz uso do álcool e 12% são dependentes do álcool. Portanto, quando generalizamos o viés do preconceito para com o usuário de drogas sem observarmos os fatores ambientais, psicológicos, genéticos, sociológicos e culturais, incorremos num erro de julgamento com a equivocada ideia de escárnio ao dependente das drogas, realçando ainda mais o retrógrado texto de Lei, que o criminaliza sem lhe oferecer a chance em um ambiente de tratamento para a sua recuperação e reinserção social, agregando ao indivíduo mais um componente de marginalização.

Numa sociedade doente, imediatista, de valores efêmeros que rotula o usuário de drogas em um subproduto, potencializando o conflito existencial do Homem com ele mesmo e considerando que no Brasil duas em cada três famílias tem problemas com drogas, a complexidade da  doença da dependência química NÃO PODE e NÃO DEVE ser vista como uma falta de caráter, demonizando o indivíduo perante à sociedade, pois isto nada mais é que um reflexo de sua própria estrutura, excludente, indiferente e desumana.

 

perfil 3PITI HAUER é advogado com formação pela UFPr e habilitação específica em Ciências Penais, especializando-se em Dependência Química na UNIFESP. Membro do Conselho Estadual de Políticas Públicas sobre Drogas no Paraná (2014-2015), Colunista do Paraná Portal – “Vamos falar sobre Drogas?”, e com Curso de Extensão ao Crack: Tratamento e Políticas Públicas pela UNIAD.