Uma questão de imaturidade

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Para entender… já mostrou neste artigo que o Brasil fica em segundo lugar no consumo mundial de ritalina, perdendo somente para os EUA. Segundo o jornal britânico The Telegraph, a prescrição deste tipo de medicamento, geralmente indicado para crianças diagnosticadas com TDAH, duplicou na última década – medicamentos que podem causar reações adversas como perda de peso, toxicidade hepática, pensamentos suicidas e supressão do crescimento puberal.

Só para lembrar: TDAH é um termo frequentemente usado para indicar um conjunto de problemas que o Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido descreve como sendo “um grupo de sintomas comportamentais que incluem desatenção, hiperatividade e impulsividade”. Normalmente diagnosticada entre as idades de 3 e 7 anos, a condição apresenta sintomas como o curto espaço de atenção, agitação ou inquietação constante e distração, bem como dificuldades de aprendizagem e até distúrbios do sono.

Agora, uma nova pesquisa liderada pelo doutor Mu-Hong Chen, do Departamento de Psicologia do Taipei Veterans General Hospital, em Taiwan, sugere que este transtorno é diagnosticado erroneamente – e com frequência. Segundo o doutor Chen, muitos casos apontados como sendo TDHA nada mais são do que simples imaturidade de crianças que são as mais jovens em sua classe. Ou seja, os professores comparam o comportamento de crianças mais maduras ao das mais jovens em suas salas de aulas.

Analisando quase 400 mil crianças entre 4 e 17 anos que participaram da pesquisa, os cientistas notaram que a percentagem de jovens diagnosticados com TDAH muda significativamente dependendo do seu mês de nascimento. Somente 2,8% dos meninos nascidos em setembro têm a condição, mas o número salta para 4,5% em agosto e vai subindo de forma constante ao longo do ano escolar no país. Para as meninas, o número sobe de 0,7% a 1,2%.

Para o doutor Chen, os resultados mostram a importância de se considerar a idade de uma criança dentro de um ano ao se diagnosticar e prescrever medicamentos para TDAH e sugere que a idade relativa, como um indicador da maturidade cognitiva, pode desempenhar um papel crucial no risco da criança ser diagnosticada com tal condição.

Vale à pena lembrar que, enquanto os cientistas taiwaneses acreditam que a imaturidade esteja sendo confundida com sintomas de TDAH, existem outros neurocientistas que afirmam que tal condição sequer existe, e argumentam que a maioria das pessoas, em algum momento de sua vida, irá exibir sintomas do déficit de atenção.

Por isso, destacam a importância de assegurar que a avaliação para o TDAH seja rigorosa e dependa de uma variedade de fontes de informação para decidir se o critério foi atendido, antes de prescrever medicamentos potencialmente prejudicais a crianças que não precisam deles.

 

Fonte: The Telegraph