As rotas do tráfico no Brasil e no mundo

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Em 18 de junho a Polícia Federal PF) apreendeu a maior quantidade de maconha deste ano: 2 toneladas em uma área rural de Posselândia (GO), cidade localizada a 263km de Brasília e a 55km de Goiânia. O produto veio do Paraguai e seria comercializado em Valparaíso de Goiás (GO), Recanto das Emas e Ceilândia, segundo a polícia. Em 9 de julho, três homens acabaram presos com 750 quilos de maconha próximo ao Gama (DF). E, em 31 de julho, na casa de um rapaz em Samambaia, também no DF, a polícia encontrou aproximadamente 40kg de maconha, 600g de crack e 200g de cocaína.

Mas, para a PF, apesar das apreensões no Distrito Federal (DF), os principais destinos ainda acabam sendo o Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais e o sul do país. Segundo a instituição, é muito difícil controlar o ingresso pelas regiões fronteiriças no Brasil. “Temos uma fronteira seca com os maiores produtores de cocaína e maconha que é três vezes maior que a dos Estados Unidos com o México. Portanto, nossa condição geográfica é muito ruim”, destacou o delegado Kel Lúcio Souza.

Ao longo de 10 anos, no entanto, houve uma mudança no quadro de apreensões na capital do país. Antes, a merla — um subproduto da pasta de coca — tinha grande circulação no DF. Hoje a presença do entorpecente é menor. Por outro lado, porém, aumentou o crack vindo de São Paulo. Diferentemente da merla, o crack é de fácil transporte e não perde validade.

No DF atuam os traficantes que têm influência regional e que possuem um consumidor com alto poder aquisitivo. Em âmbito nacional as cargas entram pelas fronteiras com países andinos. Os maiores produtores de cocaína são a Colômbia, o Peru, a Bolívia e a Venezuela. O Paraguai lidera a maconha. Já o México e uma parte da Colômbia lideram na comercialização da heroína. A partir dessas localidades, a droga entra pela fronteira seca do Mato Grosso, do Mato Grosso do Sul e do Amazonas. As mercadorias também chegam pelos rios, como ocorre em Manaus.

A maconha permanece como a campeã de apreensões e uso. A erva cresce em praticamente qualquer lugar – pelo menos 172 países fabricam maconha ou haxixe. Como a maior parte da colheita abastece mercados locais e seu rendimento comercial varia muito, especialistas não conseguem estimar quanto se produz da droga ilícita mais popular do planeta.

Em segundo lugar aparece a cocaína com 118,7kgs apreendidos até junho deste ano e 105kg em todo o ano passado. Os países andinos são os únicos produtores de folha de coca – matéria-prima da qual se extrai a cocaína. Na primeira década deste século, a desvalorização do dólar e a fiscalização mais dura nas fronteiras americanas fizeram os traficantes direcionar o produto para a Europa, onde o consumo da droga vem crescendo. Segundo especialistas, a produção global de cocaína está na casa de  865 toneladas/ano.

O crack vem depois, com 41,9kg apreendidos neste ano e 141,8kg em 2016.

Em todo o mundo, cerca de 200 milhões de pessoas usam drogas ilícitas pelo menos uma vez por ano. Para abastecer esses consumidores, existem redes de produção e distribuição globais – todas clandestinas, é claro.

Além das já citadas, temos também o ecstasy. Com produção global de até 133 toneladas/ano, a produção desta droga, nos anos 90, se concentrava nos EUA e em países europeus, como Holanda e Bélgica. Na última década, laboratórios de ecstasy se disseminaram para outros centros, incluindo o Brasil. Atualmente, o consumo vem se deslocando da Europa e dos EUA para países em desenvolvimento.

Com uma produção global de até 624 toneladas/ano, as anfetaminas possui uma produção dispersa, porém em crescimento no Sudeste Asiático para abastecer a China. Produzidas com itens encontrados em supermercados, lojas de autopeças e de materiais de construção, as anfetaminas podem ser feitas no fundo do quintal – especialmente metanfetaminas.

Responsáveis por uma verdadeira epidemia no EUA, os opiáceos possuem uma produção global na casa das 7.700 toneladas/ano. Estas drogas extraídas da flor de papoula, como morfina, ópio e heroína, invadiram o Ocidente no século 20, mas o consumo se concentra no Oriente. Nos anos 90, a produção deslocou-se do “triângulo dourado”, formado por Laos, Tailândia, Vietnã e Mianmar, para o Afeganistão, origem de 90% dos opiáceos.

 

Fonte: Correio Braziliense