Um filme escrito com sangue

Tempo de leitura: 2 minutos

Nalberto Vale é um autor que, ao ver seu livro ser pouco vendido, cai em depressão profunda, desenvolve uma esquizofrenia, e entra no próprio universo que criou em sua obra. A partir de então, muda de personalidade e se torna dependente químico.

Esta é o enredo de Sangre, longa-metragem assinado por Tony Lee Jr., diretor do projeto que participou de festivais e mostras de cinema brasileiros.

Com 1 hora e 47 minutos de duração, o filme foi gravado em seis meses. Durante as gravações, o diretor procurava fazer com que os atores se transportassem para dentro dos personagens, tal qual Nalberto que acredita ser Garbo, o vampiro fictício de seu livro. Por conta disso, o rapaz acaba infernizando a vida da mãe e assassina mulheres pela cidade.

Na equipe de Sangre havia dois ex-usuários de drogas, conta o diretor. Isto acabou servindo de lição “para todos nós, que aprendemos a lidar com o assunto”, diz ele.

A questão de inserção dos atores no universo das drogas, aliás, foi bastante obscura. “Eu levei eles em um local onde muitos usuários de drogas frequentam. E lá eles puderam conversar com alguns e fazer pesquisas. Inclusive a atriz Rosa Malagueta também participou do nosso laboratório pessoal de construção de personagem. Foi bastante interessante e produtivo”, destaca ele.

O ator que interpreta o protagonista da história, Marcos Santini, teve que estudar os gestos dos usuários de crack e LSD. “E por ser um ator muito novo, ainda adolescente, acompanhei ele durante o processo de laboratório e até mesmo durante o set de gravação. Ele ficou muito à deriva da realidade no local. Havia muitos usuários e tivemos a chance de incluir o Marcos dentro desse universo”, complementa Tony, lembrando que os atores se voluntariaram para participar do filme, que foi feito com a quantia de R$ 60,00, sem qualquer remuneração financeira.

Tony Lee Jr. escreveu o roteiro de Sangre em apenas duas noites e, segundo ele, foi motivado por aspectos de sua vida pessoal. “Em abril de 2016, logo perto do fim das gravações, perdi meu único filho de 18 anos por consequência das drogas. Foi muito difícil para eu conciliar gravação com o meu luto pessoal. Ele era um rapaz bonito, jovem e tinha um futuro imenso pela frente, mas infelizmente isso não aconteceu”, revela o diretor.

Assista, abaixo, o tariler de Sangre:

Fonte: A Crítica