Viciado em sangue. E não é vampiro…

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A polícia de Bucks County, na Pensilvânia (EUA), apreendeu um homem carregando um frasco com um líquido vermelho sem nenhuma descrição do que se tratava. Durante o interrogatório, o homem de 33 anos explicou que o frasco continha uma mistura de sangue humano e fentanyl, um analgésico opiáceo 50 a 100 vezes mais potente do que a morfina.

Os oficiais, então, enviaram o frasco para a toxicologista forense Laura Labay. Ela descobriu que, de fato, a ampola continha sangue humano. Mas, além do fentanyl, a mistura também continha codeína, efedrina, THC e metanfetamina, totalizando 13 substâncias diferentes. Os resultados foram publicados no Journal of Forensic Sciences.

Quando usuários aplicam droga injetável, um pouco de sangue às vezes volta para dentro da seringa – e até um usuário ‘empresta’ a agulha para outro. Mas esta é a primeira vez que as autoridades veem algo assim, onde parece que o sangue impregnado de drogas foi distribuído para ser usado também como droga em outra injeção posteriormente.

Como a maioria das drogas estava presente em níveis inferiores a uma dose típica e porque o sangue continha resíduos típicos que sobram após o corpo “quebrar” essas drogas, Labay acha que o “Sangue” (como foi batizada a mistura) veio de alguém que já havia usado pseudoefedrina e heroína. “Alguém deve ter tirado sangue de alguém e propositadamente adicionou metanfetamina nele”, diz ela. “Você não pode simplesmente estar andando com essa metanfetamina no seu sangue e estar bem”.

Ainda assim a toxicologista não pode afirmar com certeza por que alguém usaria drogas desta forma. É possível que o coquetel de outras drogas tenha o objetivo de aumentar os efeitos da metanfetamina. Ou talvez algumas pessoas gostem de consumir sangue humano. Drácula que o diga, afinal há os que defendam uma analogia do hábito dos vampiros com o uso de drogas. Mas os perigos de fazê-lo são relativamente óbvios.

Além do desconhecimento da ciência acerca dos danos causados por essas substâncias, o uso de novas drogas têm outra característica em comum: seus usuários também não sabem a exata dimensão das consequências à saúde.

Por exemplo, se a pessoa que compra o “Sangue” já tem uma alta tolerância ao fentanyl, vai buscar uma dose maior da droga para sentir seus efeitos. Isso pode causar uma overdose de metanfetamina.

Obviamente, as infecções são outro grande risco. Por ser injetável, o “Sangue” pode transmitir HIV, hepatite e outras infecções transmitidas pelo sangue.

Mas o perigo maior é a incompatibilidade sanguínea. Se uma pessoa recebe sangue incompatível com seu tipo sanguíneo, o sistema imunológico pode começar a ‘rasgar’ as células do sangue transferido, desencadeando uma cascata de reações que potencialmente incluem coágulos sanguíneos obstruindo veias, causando acidentes vasculares ou parada cardíaca – o que pode matar.

E tudo isso com apenas um pequeno resíduo de sangue. Logo, injetar frascos misteriosos de sangue é uma ideia ainda pior.

 

Fonte: Popular Science