Dependência química e a teoria integral de Ken Wilber

Tempo de leitura: 3 minutos

A teoria integral de Ken Wilber é uma abordagem bastante ampla e sintética que pretende reunir e integrar todo conhecimento humano produzido até hoje, desde as tradições milenares, passando pelas escolas filosóficas modernas e contemporâneas, até a ciência produzida na atualidade.

Ela trabalha com o Sistema Operacional Integral (SOI), que sintetiza e integra todas as teorias, formando os seguintes componentes: quadrantes, níveis, linhas, estados e tipos.

Neste texto trataremos somente dos quadrantes – o que já é muito! Os quadrantes dividem subjetivo e objetivo, intersubjetivo e interobjetivo.

4045612590_297833a136_o

Aplicando os quadrantes à dependência química, temos: o aspecto emocional-mental-espiritual (subjetivo) da doença, o aspecto comportamental e biológico (objetivo) da doença, o aspecto das relações interpessoais (intersubjetivo) da doença, e o aspecto social (interobjetivo) da doença. Podemos lançar um olhar etiológico (quanto à causa da doença), tanto quanto um olhar sintomatológico (quanto às consequências da doença) utilizando-nos dos quadrantes.

Onde estaria a causa da doença dependência química (DQ)? No quadrante superior direito (QSD), ou seja, nos aspectos biológicos e/ou comportamentais da doença?  No quadrante superior esquerdo (QSE), ou seja, nos aspectos emocionais, mentais e/ou espirituais da doença? No quadrante inferior direito (QID), ou seja, nos aspectos socioeconômicos da doença? Ou no quadrante inferior esquerdo (QIE), ou seja, nos aspectos interpessoais e culturais da doença?

quadrantes

Quem conhece um pouquinho de DQ sabe que isto daria uma discussão bastante longa e talvez nunca chegássemos a um consenso.

Conceitualmente costuma-se aplicar o modelo biopsicossocial para explicar a dependência química, mas sabemos que na prática raramente temos uma abordagem verdadeiramente multi ou interdisciplinar, e ainda menos uma abordagem transdisciplinar, que é a que eu julgo transmitir.

Do meu ponto de vista, se pudermos destacar um quadrante como causa maior ou mesmo determinante para o aparecimento da doença eu diria o quadrante superior direito (causa biológica) mais especificamente a predisposição orgânica. Perceba que não estou dizendo única causa, mas apenas a que mais pesaria.

Já se formos considerar as consequências da doença DQ todos iríamos concordar rapidamente que ela atinge todos os quadrantes invariavelmente e fortemente.

Com a “abordagem integral de todos os quadrantes” percebemos o quanto fica fácil e prático nunca nos esquecermos de considerar todas as dimensões da doença (como causas e consequências)!

Caso queira se aprofundar no assunto, basta clicar aqui e baixar grátis o e-book A viagem de volta. Você também pode escrever para o e-mail guinfranco@hotmail.com solicitando o livro impresso.

No próximo texto falaremos dos níveis da doença, que são o segundo componente da teoria integral.

Até lá!

 

guilherme

GUILHERME NOBREGA FRANCO nasceu em Bragança Paulista, SP. Em sua juventude teve experiências emocionais e existenciais que o levaram a uma profunda crise. Logo após desenvolveu dependência química. Já em recuperação, Guilherme desenvolveu uma teoria diferente no modo como vemos e tratamos desta doença e registrou tudo na autobiografia A viagem de volta – autobiografia de um dependente químico & modelo de tratamento alicerçado na abordagem integral de Ken Wilber. Estudioso da abordagem integral deste pensador, está limpo desde 2007 e nunca teve recaídas.