Crack: se liga nestes toques

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Na novela Verdades Secretas, a personagem Larissa, interpretada pela atriz Grazi Massafera, mostrou um retrato amargo dos dependentes químicos do crack. No folhetim, Larissa era uma modelo que passou a viver em uma cracolândia e perdeu tudo que tinha para o vício. Apesar de ser de conhecimento geral que os efeitos da droga serem muitas vezes devastadores, ainda existem muitas informações sobre o crack que a maioria das pessoas desconhece. Inclusive em relação ao que é a própria substância.

O crack nada mais é do que uma forma menos pura da cocaína, solidificada em cristais. Feito através da mistura de pasta da cocaína, bicarbonato de sódio e água, é mais barato e mais forte do que a própria cocaína.

Além disso, preste atenção nestas cinco informações importantes sobre a droga:

  1. Cientistas estão trabalhando em uma vacina contra o vício em crack e cocaína

Cientistas da Faculdade de Medicina Weill Cornell, Nova York, desenvolveram uma vacina capaz de anular os efeitos do crack e da cocaína no corpo dos dependentes químicos. Para isso, os pesquisadores acoplaram ao vírus que causa gripe comum uma molécula artificial com o mesmo formato da molécula da cocaína. O vírus foi injetado em ratos e macacos e o sistema imunológico dos animais passou a ver a molécula como um objeto intruso. Ou seja: o corpo humano desenvolveu defesas contra a molécula. A partir disso, o organismo destruía a molécula antes dela chegar ao cérebro e desencadear os efeitos conhecidos da droga, como a euforia.

  1. O Brasil lidera o ranking mundial de usuários da droga

De acordo com o mais recente Levantamento Nacional de Álcool e Drogas, realizado pela Unifesp em 2012, cerca de dois milhões de pessoas já usaram crack no Brasil – e isso coloca o Brasil no topo do ranking internacional de usuários da droga. Apesar de os Estados Unidos liderarem no consumo de todas as formas da cocaína juntas, quando se observa só o crack separadamente, o Brasil está em primeiro lugar. Vale lembrar que acredita-se que o crack surgiu na década de 1970 nos Estados Unidos, mas se popularizou somente na década seguinte por lá, especialmente nos bairros pobres de cidades grandes como Nova York e Los Angeles. O primeiro relato de uso no Brasil aconteceu em 1989 e a primeira apreensão da droga rolou em 1991.

  1. Mais da metade dos usuários de crack morrem vítimas de assassinatos

Apesar de a droga ser extremamente destrutiva dentro do corpo – o crack inibe a recaptura de neurotransmissores pelos receptores pré-sinápticos, pode causar uma série de manifestações neurológicas como o acidente vascular cerebral, aumenta a frequência cardíaca e a pressão arterial podendo culminar em isquemias e infartos agudos do coração, entre outras coisas – é a violência do universo do crack que acaba fazendo a maior parte das vítimas fatais. De acordo com uma pesquisa da Unifesp em relação às causas de morte dos usuários da droga, 56,5% dos viciados são assassinados. A Aids vem em segundo lugar, responsável por 26% dos óbitos.  A overdose propriamente dita mata menos de 9% dos usuários, segundo o levantamento.

  1. O crack mata 50% mais neurônios que a cocaína

O fato de o crack ser uma forma menos pura da cocaína garantiria outros problemas relativos ao consumo dessa droga. Um estudo feito pela USP mostrou que o processo de aquecimento de dois componentes que formam o crack, a cocaína e o éster metilecgonidina, aumenta em 50% a morte de neurônios, em comparado com o consumo individual das duas substâncias. O éster metilecgonidina, no caso, é um produto da queima da pedra do crack, produzido basicamente a partir da mistura de pasta da cocaína, bicarbonato de sódio e água.

  1. Leva apenas 15 segundo para o crack fazer efeito

A absorção do crack no corpo acontece de forma muito rápida. No cérebro, os efeitos são quase imediatos: basta somente de 8 a 15 segundos para a droga fazer efeito e, assim que chegam ao cérebro, atuam por cerca de dez minutos ocasionando reações que vão desde euforia e prazer até agitação, irritação e alterações de percepção. Nesse período, é potencializada a liberação de neurotransmissores como dopamina, serotonina e noradrenalina. Para ter uma noção de como isso é rápido, basta saber que no caso da cocaína, leva cerca de 15 minutos para que a substância chegue ao sistema nervoso central.

 

Fonte: Rafael Gonzaga via Elástica