Dependência química na sala de aula

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A dependência química é uma doença mental caracterizada, entre outras coisas, por um desejo irresistível de usar drogas. Essa total falta de controle sobre os comportamentos é conhecida como compulsão. O que a maioria das pessoas não compreende é o fato de que pessoas com esse transtorno não param de usar drogas por não conseguirem e, não, simplesmente porque não querem.

Para acabar com este tipo de desinformação, uma aula inaugural deu início às atividades do Centro Regional de Referência para Formação em Políticas sobre Drogas (CRR) na UFPR. A iniciativa, desenvolvida em parceria com a Prefeitura de Curitiba, tem o objetivo de melhorar o preparo de profissionais que atuam diretamente no atendimento a usuários de drogas.

O primeiro conteúdo abordado pelo Centro ficou a cargo da conferência “Políticas sobre Drogas no Brasil – Avanços e Desafios”, ministrada pelo professor de medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Pedro Gabriel Delgado – que também foi coordenador nacional de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas, do Ministério da Saúde, entre os anos de 2000 e 2010. A cerimônia de abertura ainda teve participação do reitor Zaki Akel Sobrinho, da pró-reitora de Extensão e Cultura (Proec), Deise Picanço, da presidente da Fundação de Ação Social, Márcia Fruet, do secretário municipal de Esporte e Lazer, Aluísio Oliveira, do secretário municipal da Saúde, César Monte Serrat Titton e do diretor do Departamento de Política Sobre Drogas, da Secretaria Municipal da Saúde, Marcelo Kimati.

Também presente no evento, a coordenadora do CRR, professora Maria Virgínia Cremasco, da Coordenadoria de Políticas Sociais da Proec, explicou que as atividades do Centro funcionarão como extensão da Universidade às comunidades da capital e região metropolitana, trabalhando ainda em integração com o ensino e a pesquisa. A iniciativa oferecerá cursos gratuitos que capacitem os participantes em temas relacionados a prevenção do uso de drogas, tratamento e reinserção social de usuários e enfrentamento ao tráfico.

De início, já estão previstos quatro processos formativos em acordo com a Política Nacional sobre Drogas e a Política Nacional de Saúde Mental. Cada curso poderá ter duas turmas de até 45 profissionais cada e a carga horária é composta de 40 horas teóricas e 20 horas práticas. Para mais informações, os interessados devem entrar em contato pelo email cpsufpr@gmail.com.

Confira os primeiros cursos:

  1. Políticas sobre Drogas e Saúde Mental, marcos legais, diretrizes e conceitos fundamentais

OBJETIVO: fornecer conceitos, diretrizes e princípios básicos das políticas sobre drogas

PÚBLICO-ALVO (área de atuação): profissionais atuantes nas Redes de Atenção Básica, RAPS, SUAS (CRAS e CREAS, CentroPop), CAPSis, educadores, ESF, conselheiros tutelares

FORMAÇÃO: médicos, Enfermeiros, psicólogos, assistentes sociais, educadores e profissionais da área

CONTEÚDO:

  • A Política Nacional sobre Drogas (PNAD) e a Política Nacional sobre o Álcool
  • Diretrizes das políticas nacionais de saúde mental e de drogas (SUS-RAPS)
  • Política de Assistência Social (SUAS)
  • Rede de Atenção Psicossocial RAPS: componentes e pontos de atenção
  • Epidemiologia do uso de drogas no Brasil e no mundo
  • Redução de danos como lógica e diretriz de cuidado
  • Redes de apoio social e inserção social do usuário de drogas
  1. Atenção em saúde mental, álcool e outras drogas em situações de crises/urgências e emergências

OBJETIVO: capacitar os profissionais para a atuação em situações de crises, urgências e emergências relacionadas ao abuso de álcool e outras drogas

PÚBLICO-ALVO (área de atuação): profissionais atuantes nos serviços SAMU, UPAS, hospitais gerais, CAPS (Ads e Transtornos), Consultório da Rua, Atenção Básica, Resgate (FAS), UPA, ESF

FORMAÇÃO: médicos, enfermeiros, psicólogos, assistentes sociais, educadores e profissionais da área

CONTEÚDO:

  • Drogas: Sujeito, contexto e drogas – a complexidade do fenômeno do uso de drogas
  • Padrões de uso: tipos de uso, abuso, dependência
  • Situações de Crise em álcool e outras drogas
  • Abordagens em situações de urgência/emergências em álcool e outras drogas
  • Abordagens terapêuticas do usuário de drogas
  1. Dispositivos terapêuticos em saúde mental, álcool e outras drogas

OBJETIVO: abordar de forma interdisciplinar e intersetorial a diversidade de intervenções clínicas no tratamento de problemas associados ao uso do álcool e outras drogas

PÚBLICO-ALVO (área de atuação): profissionais atuantes nas Redes de Atenção Básica, RAPS, SUAS (CRAS e CREAS, CentroPop) e Intervidas, Consultório na Rua, ESF, CAPS AD e Transtornos, Condomínio Social, Unidade de Acolhimento

FORMAÇÃO: médicos, enfermeiros, psicólogos, assistentes sociais, educadores e profissionais da área

CONTEÚDO:

  • Drogas: sujeito, contexto e drogas – a complexidade do fenômeno do uso de drogas
  • Padrões de uso: tipos de uso, abuso e dependência
  • Conceitos fundamentais: Escuta, Vínculo, Empatia, Aceitação Incondicional
  • Projeto Terapêutico Singular (PTS)
  • Intervenção breve e entrevista motivacional
  • Acompanhamento terapêutico e abordagens na rua
  • Abordagens terapêuticas em grupo
  • Abordagens com familiares
  • Estratégias de autofortalecimento, mútua ajuda e reabilitação psicossocial
  1. Atuação em saúde mental, álcool e outras drogas com populações vulneráveis: inserção social, saúde, moradia, cultura

OBJETIVO: capacitar os profissionais para o desenvolvimento de estratégias de inserção social e fortalecimento de cidadania em populações vulneráveis

PÚBLICO-ALVO (área de atuação): profissionais de saúde e de ação social que atuam com populações vulneráveis

FORMAÇÃO: médicos, enfermeiros, psicólogos, assistentes sociais, educadores e profissionais da área

CONTEÚDO:

  • Drogas: sujeito, contexto e drogas – a complexidade do fenômeno do uso de drogas
  • Inserção social: a problemática do estigma, do isolamento e da formação de grupos excluídos
  • Estratégias de fortalecimento entre pares para a cidadania, mútua ajuda e protagonismo psicossocial
  • Os sentidos do trabalho, a qualificação e a inserção social/laboral para populações vulneráveis
  • Associações, cooperativas e empreendimentos solidários: instrumentos para organização social e laboral da população em desvantagem psicossocial
  • Acompanhamento terapêutico e abordagens na rua
  • Cidadania e seus sentidos para os usuários de drogas em situação de exclusão social.

 

Fonte: Site da UFPR, via Jaqueline Carrara