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O Carnaval já começou. A festa de Momo é embalada, principalmente, ao som dos trios elétricos, e representa um momento de descontração e alegria, que geralmente é regado à base de muita bebida alcoólica e outras drogas legalizadas ou não. Dentre estas, estão a loló e o lança-perfume, consumidos principalmente pelos adolescentes, que brincam com o risco que essas substâncias podem provocar e se “embriagam” na avenida em busca da aparente sensação de leveza e euforia, um “prazer” cujo preço pode ser a morte.
A depender da quantidade ingerida, tanto a loló, que é uma droga de fabricação caseira composta pelo clorofórmio e o éter, quanto o lança-perfume, que é um solvente chamado cloreto de etila, podem levar o indivíduo a ter arritmias cardíacas e conseqüentemente, por parada cardiorrespiratória.
O psiquiatra e vice-diretor do Cetad – Centro de Estudos e Terapia do Abuso de Drogas -, George Gusmão Soares, disse que essas drogas provocam um efeito fugaz, rápido, que levam ao consumo repetidas vezes. E é nessa administração repetitiva que está o perigo, segundo ele, pois além das arritmias cardíacas, aumentam os riscos da ocorrência de crises convulsivas.
O médico alerta que em caso de perda de consciência, ou seja, desmaio e se há a referência de que a pessoa estava inalando loló ou lança-perfume, a primeira providência a ser tomada é a remoção para um lugar arejado. De imediato deve-se verificar a respiração. Se estiver respirando, a pessoa deve ser levada para um serviço de emergência.
Além do lança-perfume e da loló, o médico também alerta para o consumo excessivo do álcool entre os adolescentes durante o Carnaval. “Principalmente entre os indivíduos que não têm o costume de beber, o álcool pode causar uma alteração de nível de consciência e até o coma alcoólico, sobretudo porque ao mesmo tempo em que bebe, o adolescente está exposto ao sol, temperatura de 40 graus, o asfalto quente, perde líquido, se desidrata”.
O grande fator de risco para o desenvolvimento do alcoolismo ocorre quando o indivíduo experimenta situações prazerosas envolvendo o álcool e acredita que esse parâmetro só pode alcançado quando ingere essas substâncias etílicas. A partir daí, o adolescente se torna mais vulnerável à repetição deste hábito e pode ser uma porta de entrada para o uso de drogas ilícitas como maconha e cocaína.
Uma vez que a experiência prazerosa que o álcool pode proporcionar a esses jovens é perigosa, muitos ignoram os alertas e continuam bebendo intensivamente durante os dias de folia. É durante esta experiência que o adolescente vira alvo da dependência e dá os primeiros indícios para esta categoria. É neste ponto que os pais precisam agir rapidamente, já que eles podem atuar como educadores e impedir que seus filhos sejam os próximos alcoólatras do País.
De acordo com o Artigo 81 do ECA, é proibida a venda à criança ou adolescente de bebidas alcoólicas e produtos cujos componentes podem causar dependência física ou psíquica. As punições para esse procedimento são previstas no Artigo 243. Ele expressa que vender, fornecer ainda que gratuitamente, servir, ministrar ou entregar produtos, cujos componentes podem causar dependência física ou psíquica à criança ou adolescente, são puníveis com detenção de seis meses a dois anos e multa de três a 20 salários mínimos, se o fato não constituir crime mais grave.
Para usufruir das festas sem cometer excessos, especialistas recomendam que os pais não autorizem, de maneira alguma, que seus filhos consumam bebidas alcoólicas e apela para o bom senso no momento da conversa.
Fontes: A Tarde & ABEAD (Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas)