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A adolescência dos nossos filhos chega e novas preocupações surgem para todos os pais como o perigoso envolvimento com drogas – em alguns casos irreversíveis para toda a vida com riscos em todas as esferas. Muitos adolescentes experimentam drogas em grupo e por isso é sempre fundamental que os pais conheçam os amigos dos seus filhos e até os pais desses amigos. Vários quadros dramáticos de dependência química iniciam-se a partir de 13 ou 14 anos de idade. O diálogo e o convívio harmônico e respeitoso com os adolescentes é vital para a prevenção, mas alguns sinais podem ajudar na possível identificação dos jovens que iniciam o uso de drogas e os pais precisam estar atentos.
1) Fisicamente, olhos vermelhos, pupilas dilatadas, alterações de peso e apetite, alterações do padrão de sono, nariz sangrando, manchas roxas de picada e coriza são importantes de serem observados;
2) Mudanças de humor como depressão, irritabilidade, ansiedade e agressividade devem também ser avaliadas, assim como perda do interesse em atividades esportivas, isolamento ou mudanças de grupos de convívio decorrentes de tais alterações;
3) Algumas drogas podem deixar odores estranhos nas roupas, na boca e os adolescentes podem usar perfumes ou outras substâncias para disfarçá-los ou escondê-los dos pais
4) Mudanças de comportamento ou de postura no convívio com familiares e amigos antigos com rupturas ou intransigências constantes. Geralmente, o rendimento escolar diminui bastante com relatos dos professores sobre notas baixas, desinteresse abrupto pelos estudos ou até atitudes opositivas e agressivas, com envolvimento em brigas ou atitudes delinquentes.
Essas dicas são apenas a ponta do iceberg do universo complexo das drogas. O mais importante é uma relação afetuosa, de confiança e respeito entre pais e filhos sempre calcada no diálogo e iniciada na infância. Mas, a negação pode ser deletéria porque cega os pais e o diagnóstico precoce por um especialista é fundamental para o sucesso do tratamento.
JOEL RENNÓ JR é Ph.D em Ciências, professor colaborador médico do Departamento de Psiquiatria da FMUSP e diretor do Programa de Saúde Mental da Mulher do Instituto de Psiquiatria da USP (IPq-USP). Também coordena a Comissão de Estudos e Pesquisa da Saúde Mental da Mulher da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) e é médico do Corpo Clínico do Hospital Israelita Albert Einstein em São Paulo.
Publicado originalmente no site do jornal Estadão em março de 2015