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O cigarro gera alterações fisiológicas que passam por gerações e podem afetar eventuais descendentes – se uma mulher que fuma tiver filhos ou netos, eles já nascerão com maior risco de desenvolver asma. Essa é a conclusão de um estudo recém-publicado pela Universidade da Califórnia, que fez experiências para medir o efeito da nicotina (princípio ativo do cigarro) em ratos de laboratório.
Segundo os pesquisadores, a nicotina tem o poder de desligar genes necessários para a formação correta dos pulmões – e essa mudança é transferida aos descendentes do fumante.
Esta informação ganhou um reforço ainda maior com a divulgação de imagens conseguidas por meio de ecografias 4D, mostrando fetos fazendo ‘caretas’ quando as mães fumam.
Inovação tecnológica recente, a ecografia 4D (ultrassonografia em quatro dimensões) mostra uma espécie de conjugação entre altura, largura, profundidade e movimento, gerando um vídeo tridimensional do bebê. Foi assim que uma pesquisa das universidades de Durham e Lancaster, na Inglaterra, mostrou que os fetos de grávidas fumantes fazem muitos movimentos com a boca e com as mãos (colocadas sobre os rostos), quando comparados com os filhos das grávidas que não fumam.
Nadja Reissland, médica responsável pelo experimento, analisou as imagens dos minúsculos movimentos no ventre de cada uma das 20 mães do Hospital Universitário James Cook, na cidade de Middlesbrough, na Inglaterra.
Das pacientes analisadas, quatro fumavam uma média de 14 cigarros por dia. Estudando os exames nas 24ª, 28ª, 32ª e 36ª semanas de gestação. Através da ecografia 4D, foi possível notar as caretas dos pequenos: Reissland constatou que a taxa de movimentos com a boca e o próprio toque era consideravelmente maior nos fetos destas mães.
A médica pretende expandir a pesquisa inicial para um projeto maior, para verificar se os bebês gerados por mães fumantes podem sofrer um atraso no desenvolvimento do sistema nervoso central. “É necessário um estudo maior para confirmar estes resultados e investigar efeitos específicos, incluindo a interação entre o estresse materno e o tabaco”, acrescentou.
No Brasil, recomendações do Ministério da Saúde advertem que o tabagismo em gestantes aumenta o risco de um nascimento prematuro, problemas respiratórios para a criança e até de aborto espontâneo. Pesquisadores acreditam que mostrar os efeitos do tabagismo em bebês ainda no útero pode encorajar as futuras mães a largarem o cigarro.
Fonte: O Globo