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Como já mostramos nesta matéria, governos e indústria estão envolvidos em uma “guerra” pelo domínio de um território de apenas alguns centímetros quadrados de área: os maços de cigarros.
No Brasil, os fabricantes de cigarro são obrigados a colocar imagens advertindo sobre os males do tabagismo nas embalagens desde 2002. Doentes de câncer terminal, pessoas com envelhecimento precoce e alusões à impotência sexual são algumas das fotos estampadas. Mas será que essa ação realmente combate o vício?
Em favor do SIM
É inegável que as advertências são desagradáveis e assustam quem olha para o maço de cigarros pela primeira vez. “A intenção das campanhas é justamente associar o tabagismo a imagens chocantes”, diz Miriam Mijares, professora de psicologia da USP. Para ela, o susto pode afastar os não fumantes da primeira tragada .
Mais de 80% dos entrevistados em uma pesquisa do Instituto Nacional do Câncer (Inca) disseram que as fotos os fizeram pensar sobre os males do tabagismo. E uma pesquisa publicada este mês no American Journal of Preventive Medicine comprova que imagens chocantes têm mais impacto que apenas avisos em texto.
Antigamente, caubóis, modelos e estrelas de Hollywood fumavam nos comerciais da TV e o cigarro era símbolo de charme. Com a restrição das propagandas e o início das advertências nos maços, “fumar virou uma coisa feia, que afasta as pessoas”, diz Mário Castelar, professor de marketing da ESPM.
As imagens não fazem com que as pessoas abandonem o vício. Mas, em conjunto com outras medidas, evitam que outros também se tornem fumantes. De 2006 a 2011, o número de dependentes no Brasil caiu de 16,2 para 14,8%.
Em favor do NÃO
Quem se sente muito incomodado com as imagens dos maços pode usar alguns truques para ignorar as advertências. Muitos fumantes compram capas ou caixas para colocar os cigarros ou evitam olhar para a parte de trás do maço. Isso pode ajudar as pessoas a esquecer ou ignorar os males do tabagismo.
Muito fumantes, principalmente os jovens, não acham que estão passíveis aos males do tabagismo. “A pessoa demora a acreditar que aquilo pode acontecer com ela”, diz Mijares. Para a professora, imagens mais próximas, como as de impotência sexual, causam mais rejeição que as de doenças terminais.
As advertências nos maços de cigarro não são as únicas responsáveis pela queda do número de fumantes. A proibição do fumo em locais fechados, o fim das propagandas na TV, o tratamento gratuito para dependentes e o aumento dos impostos são fatores que também ajudaram.
Um fumante tem uma doença chamada vício. Há uma questão de dependência química, que não pode ser contida com simples advertências. O problema deve ser combatido com diferentes terapias e tratamentos que melhor se adéquam ao paciente.
DICA 3: PENSE EM OUTRA COISA
Mude hábitos que reforçam o vício. Quando bater aquela vontade louca de dar umas baforadas, chupe uma bala, escove os dentes ou tome um banho gelado. A vontade de fumar não dura mais de 5 minutos.
Fonte: Planeta Sustentável