Tempo de leitura: 3 minutos
Sobre humildade extrema (ou amor completo) dos livros de Inácio de Loyola, só posso escrever. Mas não posso praticar. Tenho amigos que praticam este tipo de amor e humildade.
Humildade ou amor é o mais perfeito de todas as virtudes. Consiste em escolher, sendo igual louvor e serviço de Deus, antes pobreza com Cristo pobre do que riqueza, opróbrios com Cristo desprezado do que honra; desejar mais ser tido por louco com Cristo, que primeiro foi tido como tal, do que ser tido por sábio; e isso para imitar mais de perto a Cristo Nosso Senhor e mais se assemelhar a Ele.
Recordemos as palavras de Jesus Cristo quando nos chamava para a sua Bandeira de Amor, assegurando-nos a certeza da vitória. Esta, com efeito, é segura por meio desse amor que nos põe fora do perigo constante das riquezas, as honras e tudo o que afaga a nossa natureza. Além disso, somos também elevados a todas as virtudes até o heroísmo, numa vida de abnegação e de sacrifício contínuo, numa vida de pobreza e humilhação, supondo igual glória e serviço a Deus.
O homem que chega a humildade verdadeira tem a cruz no coração e abraça todo o que é cruz sem demora, com ardor e alegria. Goza nos trabalhos e dores que Deus lhe envia, e renuncia sem titubear a tudo que pode ser prazenteiro à natureza. Se a conveniência ou dever do seu estado quiser que use das criaturas agradáveis à natureza, usará delas, só porque Deus o quer, e não para satisfazer suas naturais inclinações. Ester, vivendo no palácio, dizia a Deus: “Vós sabeis, Senhor, que vossa serva não tem tido prazer algum nesta pompa real”.
São João da Cruz conhecia muito bem a doutrina de humildade, pois, como recompensa de seus trabalhos, pedia a Deus nosso Senhor o sofrimento e a humildade.
Ouçamos esse sublime contemplativo em sua Subida ao Carmelo, em que consiste a prática da humildade: “Que a alma procure sempre, não o mais fácil, mas o mais difícil, não o mais saboroso, mas o mais amargo; não o que agrada, mas o que desagrada; não o repouso, mas o trabalho; não desejar o mais, mas o menos; não querer alguma coisa, mas não querer nada; não procurar o melhor em todas as coisas, mas o pior, desejando entrar pelo amor de Jesus Cristo num total desprendimento, numa perfeita pobreza de espírito e numa renúncia absoluta com respeito a tudo o que há no mundo. Cumpre abraçar estas práticas com toda a energia possível, e sujeitar a elas a vontade.”
Apesar do que escrevi, a atitude mais perfeita não é, necessariamente, a mais difícil, mas a que mais plenamente coincide com a “Vontade Divina”.
Jesus é tudo o que Deus nos queria dizer. Todo o Antigo Testamento prepara a encarnação do Filho de Deus. Todas as promessas de Deus encontram em Jesus o seu cumprimento. Ser cristão significa unir-se cada vez mais profundamente à vida de Cristo. Para isso é preciso ler e viver os evangelhos. Madeleine Delbrêl diz: “Através da Sua Palavra Jesus, Deus no Espírito diz-nos quem Ele é, e o que quer. Quando temos o nosso Evangelho nas mãos, devemos considerar que aí habita a Palavra que Se tornou Carne para nós e nos quer atingir para recomeçarmos a Sua vida num novo lugar, num novo tempo, num novo ambiente humano”. Quer dizer em nós!
LEMA
“Seja feita a Tua vontade, assim na terra como no céu”. (Mt 6, 10)
PADRE HAROLDO J. RAHM, sj, fundou em 1978 a Associação Promocional Oração e Trabalho (APOT), hoje Instituto Padre Haroldo, em Campinas, SP, sendo seu presidente emérito. Criou o Movimento de Liderança Cristã (TLC) e iniciou o movimento Amor-Exigente e os cursos de yoga cristã. Cofundador da FEBRACT e da Pastoral da Sobriedade.