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Um novo estudo feito nos Estados Unidos estima que cerca de metade das mortes de 12 cânceres pode estar ligada diretamente ao uso do cigarro. Enquanto a maior proporção de mortes associadas ao tabagismo é de cânceres do pulmão, brônquios, traqueia e laringe, cerca de metade das fatalidades ocorridas em tumores da cavidade oral, esôfago e bexiga também são ligadas aos cigarros.
“O ponto principal é que, enquanto nós fizemos muito progresso contra a epidemia do tabaco nos Estados Unidos, ainda há muito trabalho a fazer”, afirma a principal autora do estudo, Rebecca Siegel, pesquisadora da Sociedade Americana do Câncer, em Atlanta.
Siegel e seus colegas estimaram que, das 345.962 mortes por câncer ocorridas em 2011 entre norte-americanos adultos de 35 anos e mais velhos, 167.805 foram associadas com o tabagismo.
Para estimar a proporção de mortes por câncer atribuíveis ao tabagismo, os pesquisadores usaram uma fórmula padrão e calcularam a fração de casos de tipos de câncer específicos que não teriam ocorrido se não houvesse o fumo. Em seguida, analisaram dados de pesquisas nacionais e entrevistas presenciais perguntando às pessoas sobre seu histórico de saúde e hábitos de consumo de cigarro. Eles ajustaram suas estimativas para contabilizar idade, raça, nível de escolaridade e uso de álcool.
Com base nos hábitos de consumo de tabaco na população e a proporção de casos de câncer atribuíveis ao tabagismo, os pesquisadores estimaram que 125.799 das mortes causadas por cânceres de pulmão, brônquios e traqueia, o que representa 80% do total, estavam ligadas ao tabagismo. Assim também se dava com 50% das mortes por tumores de esôfago e 45% das mortes por neoplasias malignas na bexiga.
Os pesquisadores também creditam ao fumo 17% das mortes por câncer de rim, 20% das mortes por câncer de estômago, 22% das mortes por câncer do colo do útero e 24% das mortes por câncer de fígado e ducto biliar em 2011.
Uma limitação do estudo é que os participantes da pesquisa e das entrevistas eram geralmente mais educados e menos racialmente diversificados do que a população do país como um todo, reconhecem os cientistas na revista “JAMA Internal Medicine”.
No entanto, também é possível que eles tenham subestimado as mortes por câncer ligadas ao tabagismo porque não têm dados sobre a exposição indireta à fumaça – que pode causar um adicional de 5% das mortes por câncer de pulmão – ou sobre o uso de charutos, cachimbos ou tabaco sob outras formas – para mastigar, por exemplo. “Embora a prevalência do fumo continue a diminuir lentamente, o uso de produtos alternativos de tabaco está aumentando”, disse Siegel.
A utilização de formas combustíveis de tabaco que não sejam cigarros, tais como charutos e cachimbos de água, dobraram do equivalente a 15,2 bilhões de cigarros em 2000 para o equivalente de 33,8 bilhões de cigarros em 2011. “Embora não possamos saber exatamente quantas pessoas não fumam cigarros porque estão usando outros produtos do tabaco, os cigarros eletrônicos são agora a forma mais comum de uso do tabaco entre estudantes do ensino médio”, disse Siegel.
De acordo com Michael Ong, pesquisador da Universidade da Califórnia, em Los Angeles, e autor de um editorial sobre parar de fumar que acompanha o estudo, as evidências não sugerem que as pessoas que usam produtos alternativos de tabaco são mais propensas a parar de fumar ou que evitem começar com os cigarros.
Em uma indicação do quão dura pode ser a batalha em busca do fim do tabagismo, um outro estudo, também publicado na “JAMA Internal Medicine”, constatou que os médicos simplesmente pedirem para os pacientes pararem de fumar e aconselhá-los sobre os riscos de câncer de pulmão não são motivação suficiente para tornar mais provável que os pacientes realmente parem de fumar.
Os pesquisadores acompanharam mais de 3 mil fumantes por um ano após exames de câncer de pulmão para ver se o apoio que receberam dos clínicos poderia influenciar suas chances de parar de fumar. Os fumantes que receberam assistência, tais como encaminhamentos para aconselhamento ou prescrições de medicamentos de cessação do tabagismo, eram 40% mais propensos a parar de fumar, enquanto aqueles que receberam acompanhamento para monitorar seu progresso eram 46% mais propensos a parar de fumar do que os que apenas foram aconselhados pelos médicos.
“Os fumantes enfrentam barreiras físicas, ambientais e sociais para parar”, explica a principal autora do estudo, Elyse Park, pesquisadora do Hospital Geral de Massachusetts, em Boston. “Os prestadores de cuidados de saúde primários podem ajudar os fumantes, especialmente os fumantes com histórico de tabagismo pesado, a reforçar a sua confiança e ter apoio de aconselhamento e medicação que podem ajudá-los a melhorar suas chances de parar de fumar com sucesso”.
Fonte: Agência Reuters