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Já mostramos neste artigo a respeito do uso de drogas em tempos de Aids. A questão da Aids e doenças sexualmente transmissíveis está diretamente relacionada com as drogas, entre os meninos e meninas em situação de rua. Em Fortaleza (CE), dados do Perfil da Criança e Adolescente Morador de Rua, organizado pela Equipe Interinstitucional de Abordagem de Rua, apontam que 84% deles são usuários de drogas.
Entre as meninas o risco é ainda maior, já que elas acabam entrando na prostituição infantil, ou seja, correm duas vezes mais riscos de adquirirem DSTs/Aids.
Sobre o uso de drogas, a pesquisa revela que 307 (dos 367) meninos e meninas confirmam ser usuários de uma ou várias drogas, 29 não responderam, 18 disseram não usar e 13 afirmaram já ter consumido algum tipo de droga. Os solventes lideram com 64% dos meninos dependentes, principalmente da cola de sapateiro. 44% dos meninos disseram fazer uso de álcool ou tabaco; 31% disseram consumir maconha e 19% cocaína.
A cocaína, uma droga já prejudicial para as pessoas com sistemas imunológicos saudáveis, pode ser letal para aquelas que vivem com o vírus da aids. Mudit Tyagi, professor de medicina na Universidade George Washington, nos Estados Unidos, está desenvolvendo um estudo que explica como essa combinação é perigosa.
O estudo analisa como o coquetel e o uso da cocaína influenciam na replicação e transmissão do HIV, especialmente em células cerebrais, que são o alvo primário de ambas as drogas.
“Estamos estudando novos casos de HIV provenientes da geração mais jovem”, disse Tyagi. “E, infelizmente, a maioria dos casos ocorreu em pessoas que fazem uso dessas drogas ilícitas”.
O abuso de drogas como a cocaína modifica a epigenética celular, que por sua vez modula a expressão de vários genes celulares. Isso levou os pesquisadores a acreditar que a expressão genética do HIV também é influenciada por esse tipo de estímulos, o que finalmente se traduz em maior replicação e transmissão do vírus em usuários de drogas.
A cocaína prejudica o funcionamento normal das células do cérebro e ativa a expressão genética do HIV no sistema nervoso central. Como resultado, os indivíduos infectados com HIV que fazem uso da droga têm início mais grave da doença.
“Como a população está envelhecendo, observamos um grande número de casos de demência – conhecida como demência associada ao HIV”, disse Tyagi. “O abuso de drogas induz a esses problemas, mesmo em pacientes mais jovens, e os agrava em pacientes mais velhos”, afirma.
Além disso, usuários de drogas têm maior risco de se infectar com o HIV por meio do compartilhamento de agulhas e de relações sexuais desprotegidas.
O estudo de Tyagi terá por foco os mecanismos moleculares envolvidos na regulação da expressão genética do HIV e na sua replicação por ação da cocaína em duas células de macrófagos primários.
Segundo ele, essas modificações contribuem para uma deterioração mais rápida do sistema imunológico e nervoso, o que é bastante prevalente nos pacientes com HIV que abusam de drogas.
Fontes: Antidrogas & O Povo