Degradação das drogas já atinge terceira idade

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Quem, em algum momento da vida, não pensou em abandonar a realidade que atire a primeira pedra. Especialmente quando essa realidade é sinônimo de graves problemas, muitos não resolvidos.

Os princípios éticos, religiosos e a estrutura familiar seguram muitos de nós. O mesmo não acontece com quem atinge a 3ª idade acumulando  insucessos, desilusões, solidões e baixa autoestima. Para essa parcela da sociedade, atender os requisitos exigidos pela sociedade contemporânea não é tarefa fácil e a fuga da realidade é uma das opções. Se refugiar na bebida era a alternativa viável, mas houve uma mudança e o crack passou a fazer parte da história de vida dessa parcela da população.

O álcool é o “produto” legalizado que a cada dia atraía mais e mais adeptos e era usado também pelos idosos. Nos últimos dois anos, o legalizado passou a ser substituído pelo ilegal e o que já começa a existir são pessoas na faixa dos 60 a 65 anos usuárias de crack. Não formam uma legião, mas preocupam as autoridades.

A perda do emprego e dos laços familiares é ‘combustível’ para a dependência

O que leva ao uso de drogas? Na opinião da titular da Sebes (Secretaria do Bem-Estar Social de Bauru), Darlene Têndolo, a desilusão amorosa é o principal item. Seguido da perda do emprego. “Quando o homem perde o emprego, perde a  identidade, deixa de ser o provedor da família. Por isso a incidência maior  de gente nas ruas é do sexo masculino. A mulher segura mais a questão sentimental  e a  perda do emprego. Ela consegue se reorganizar, sai do emprego formal e vai fazer bico. Vira diarista.”

A importância do apoio familiar é enfatizada pela secretária. “Quando a pessoa está desesperada a família precisa dar apoio. Observamos a tristeza deles quando falam do passado. Eles relembram do emprego, dos filhos e da família de modo geral.”

Para a psicóloga Cássia Cerigato Usó, quando um familiar se envolve com drogas é sinal de que algo na família falhou. “Hoje a droga é oferecida em todos os lugares. Ninguém vai sair de casa para buscar cocaína, crack  ou qualquer droga se não está sofrendo. Vários fatores pode estar interferindo, falta estrutura emocional, psicológica ou familiar. O uso da droga deixa a pessoa emocionalmente bem, poderosa.”

Ela explica que a estrutura familiar é tudo na vida das pessoas em qualquer idade. Sem ela, a pessoa não consegue se livrar dos problemas que a vida impõe e muitas procuram o caminho da fuga.

No caso dos idosos, além da substituição da pinga pela droga, existe também a mistura medicamentos com bebida alcoólica. “Ela tem acesso a muitos medicamentos. Está na idade da depressão física e mental. Muitos problemas não resolvidos pesam sobre ela”, afirma Cássia.

Contrário aos adultos jovens que consomem na maioria drogas ilegais (crack, maconha, cocaína), as principais substâncias mais consumidas pelos idosos são o álcool, a nicotina e as drogas prescritas, que tiveram um aumento anual de 18%. Atualmente um idoso recebe mais de 20 prescrições por dia, com uma média de 4,7 diferentes classes terapêuticas.

Em um país com mais de 13 mil indivíduos acima dos 60 anos, segundo o IBGE de 2007, onde a aposentadoria da quase maioria absoluta é pífia e serve para compra de medicamentos em grande parte; onde a terceira idade é vista mais como um fardo à sociedade em vez de serem exemplos para esta mesma sociedade, o dependente químico idoso é visto somente como uma consequência médico-econômica.

Isso precisa mudar urgentemente, devemos dar mais atenção e opções de tratamento e recuperação tanto na área assistencial como de Saúde. É necessária uma nova visão Política de Saúde Pública com prevenção e educação no cuidado ao idoso, pois o fenômeno do envelhecimento é Mundial e um dia atingirá a todos.

 

Fontes: Uniad e Piti Hauer, via Paraná Portal