Tempo de leitura: 2 minutos
Como prometido estou retornando hoje para falar do segundo componente da teoria integral relacionando à dependência química. No primeiro texto abordamos a dependência química relacionando aos os quadrantes, o primeiro componente.
Como já dito, a teoria integral de Ken Wilber é bastante ampla e formada pelos seguintes componentes: quadrantes, níveis, linhas, estados e tipos. Ela procura reunir e integrar todo conhecimento humano, desde as tradições milenares, passando pelas escolas filosóficas modernas e contemporâneas, até a ciência produzida na atualidade.
Níveis de desenvolvimento podem ser divididos em egocêntrico, etnocêntrico, mundicêntrico e kosmocêntrico. Do mais “baixo” ao mais “alto” nos desenvolvemos como seres humanos desde que nascemos até o dia que morremos. O problema com a dependência química é que barramos nosso desenvolvimento em um desses níveis e até podemos regredir. Abaixo temos uma escala de desenvolvimento a qual podemos identificar o que ocorre quando barramos ou regredimos nosso desenvolvimento, o que geralmente ocorre a nível egocêntrico com a progressão da doença dependência química.
De forma análoga aos quadrantes podemos lançar um olhar etiológico e/ou sintomatológico quanto aos níveis de desenvolvimento relacionados à doença dependência química. Etiologicamente (quanto às causas) da dependência química proponho um olhar ascendente, ou seja, uma doença de nível físico (predisposição orgânica) que vai subindo e atingindo todos os outros níveis, do emocional, ao mental, ao espiritual. Muitos dirão o contrário, ou seja, terão uma visão descendente, outros ainda terão uma visão anti-hierárquica. E como eu já disse no primeiro texto, quando o assunto é a causa da dependência química o debate é longo, muito longo.
Finalmente podemos lançar um olhar sintomatológico (quanto às consequências) da dependência química nos utilizando do componente níveis da teoria integral. Por exemplo, poderíamos enumerar dezenas de doenças físicas provocadas pela dependência química, que atingem desde o aparelho digestivo e respiratório, ao cardiovascular, até o neurológico. Doenças emocionais nem se fala, depressão, ansiedade, baixa autoestima até o descontrole completo das emoções. Doenças mentais também são muitas as que se manifestam, bipolaridade, esquizofrenia, TOC, pânico, demência. E espiritualmente a perda de conexão espiritual e degeneração ético-moral.
No próximo texto exploraremos o componente número três da teoria integral: linhas. Para delinear muitos outros aspectos desta doença multifacetada e multidimensional.
Obrigado e até lá!
GUILHERME NOBREGA FRANCO nasceu em Bragança Paulista, SP. Em sua juventude teve experiências emocionais e existenciais que o levaram a uma profunda crise. Logo após desenvolveu dependência química. Já em recuperação, Guilherme desenvolveu uma teoria diferente no modo como vemos e tratamos desta doença e registrou tudo na autobiografia A viagem de volta – autobiografia de um dependente químico & modelo de tratamento alicerçado na abordagem integral de Ken Wilber. Estudioso da abordagem integral deste pensador, está limpo desde 2007 e nunca teve recaídas.