Entendendo a recaída

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A apresentadora Ana Maria Braga confessou em seu programa de TV que ainda tem recaídas com o cigarro. Ela recebeu os atores Leandro Hassum e Tiago Abravanel no Mais Você e, enquanto conversava com Hassum sobre os novos hábitos alimentares, falou sobre a recaída. “Tentei parar de fumar. Resvalei e voltei”, disse. Ela também disse que quer parar de fumar.

Em dezembro do ano passado, a apresentadora anunciou que havia deixado o cigarro meses antes para tratar um câncer no pulmão em estágio inicial. Ela chegou a retirar 40% de seu pulmão em uma cirurgia em outubro.

“O câncer do pulmão você não detecta, você não tem dor, nenhum sintoma”, disse, na época, durante o Mais Você. “Por isso que é tão difícil combatê-lo depois. Quando você vai se der conta que está com muita falta de ar, que você está com problema, já é tarde”.

Muitos casos de recaídas ou insucesso nos tratamentos estão relacionados ao não tratamento adequado das possíveis comorbidades (que necessitam de acompanhamento médico) e dos aspectos comportamentais, assim também como a não aderência da família ao tratamento.

Ou quando os adictos são expostos a qualquer lembrança simples, aparentemente inofensivas, das experiências passadas.

Foi o que comprovou um estudo realizado pela Escola Médica da Universidade de Wisconsin. Os pesquisadores descobriram que a lembrança do uso de drogas pode alterar uma área do cérebro que não está, tradicionalmente, envolvida no processo de vício. O estudo foi publicado na revista Synapse.

“Nossos estudos com camundongos demonstraram que as lembranças ambientais associadas ao uso de drogas podem produzir mudanças moleculares profundas nos circuitos cerebrais ligados ao aprendizado e ao processo de tomada de decisões, bem como nos circuitos relacionados à emoção. As variações na regiões cognitivas podem contribuir significativamente para o desejo, o qual tem papel importante no processo de recaída”, explica Ann Kelley, autora do estudo.

Os pesquisadores injetaram morfina nos camundongos, diariamente, por 10 dias, sempre em uma mesma jaula diferente daquela em que viviam, fazendo dela o “ambiente da droga”. Então, a atividade motora dos animais foi monitorada, a qual aumentou com a administração da droga. Quando os camundongos eram colocados no “ambiente da droga”, sem receber morfina, ainda apresentavam excesso de movimentos, indicando que haviam sidos condicionados àquele ambiente.

Os tecidos cerebrais foram analisados microscopicamente, em busca de indícios de que um gene, denominado Fos, estaria sendo produzido. Como esperado, foi observada grande expressão do Fos nos circuitos límbicos, incluindo-se o núcleo. Expressão particularmente forte do gene Fos também ocorreu no córtex pré-frontal, região do cérebro crucial para a tomada de decisões racionais sobre comportamento.

Embora a grande maioria compreenda a recaída como retomada do uso, esta é apenas a consequência de inúmeros fatores e sentimentos ainda não elaborados. A primeira recaída é emocional e pode ser detectada pelo afastamento progressivo das fontes de ajuda e com isso o retorno aos velhos hábitos que fatalmente levarão a reincidência ao uso.

 

Fontes: Veja SP e Emedix