LSD, novas descobertas

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Cientistas fizeram uma pesquisa inédita: mapearam o cérebro humano sob efeito da diletamida do ácido lisérgico, o LSD. Observaram em detalhes o que ocorre no órgão de pessoas dessa droga. As sensações do uso incluem um sentimento de comunhão com o universo, a percepção visual de sons e uma mudança nos níveis de criatividade.

Publicada pela revista científica americana Pnas (“Proceedings of the National Academy os Sciences”), o trabalho foi coordenado por Robin L. Carhart Harris e contou com nomes do primeiro time da ciência mundial. Entre eles está o psiquiatra David Nutt, que foi conselheiro do governo britânico sobre drogas.

Para realizar o mapeamento, pesquisadores convocaram 20 pacientes saudáveis. Em um dia, eles receberam uma dose de 75 microgramas de LSD. No outro, uma dose de placebo.

Foram usadas três técnicas de mapeamento cerebral, chamadas de rotulagem de spin arterial, ressonância magnética em estado de descanso, e magnetoencefalografia. Elas foram aplicadas com os pacientes sob efeito da droga, do placebo e também sóbrios para medir fluxo sanguíneo, conexões entre as redes cerebrais e ondas cerebrais.

Sob os efeitos da droga os usuários afirmaram ver de olhos fechados. O estudo apontou aumento do fluxo sanguíneo no córtex visual, que concentra funções ligadas à visão.

Durante o processo de amadurecimento, as pessoas tendem a criar ideias sobre si mesmas. Um motorista, por exemplo, se identifica com seu nome, sua profissão, seu país e seu papel como filho. Mas, sob o efeito do LSD, é comum que os usuários modifiquem temporariamente sua relação psicológica com o próprio passado e com a sua identidade. No caso do motorista, o peso de sua profissão como algo que o identifica poderia ser relativizado. Algo que tem sido chamado por cientistas de efeito da “dissolução do ego”.

A tecnologia para realizar o tipo de visualização realizado pelo estudo existe desde a década de 1980. Mas, como a droga passou a ser colocada na ilegalidade desde meados dos anos 1960, pesquisá-la tem um custo político e financeiro alto, o que contribuiu para que nenhum trabalho como esse tivesse sido feito até o momento.

O LSD é uma das drogas mais conhecidas e potentes já criadas. Ele foi sintetizado em 1938 pelo químico suíço Albert Hofmann, que deu à droga o nome de Lysergsäurediethylamid, mas suas propriedades psicodélicas foram descobertas apenas em 1943, quando Hofmann teve alucinações ao manusear a substância.

A droga teve forte impacto na psicologia e na psiquiatria nas décadas de 1950 e 1960. Com o aumento do uso com fins recreativos, a droga foi proibida em 1966 no Estado americano da Califórnia. Dois anos depois, foi banida no resto dos Estados Unidos. Em 1971, o LSD foi categorizado pela ONU como droga que não deveria ser prescrita para uso médico.

 

Fontes: Folha de São Paulo & Portal da Enfermagem