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Já mostramos nesta matéria que drogas, álcool, e até mesmo fumar cigarros, não se misturam com a obtenção de um diploma universitário, pois quanto mais cedo alguém começa a abusar das drogas e do álcool, menores são as chances da pessoa avançar na escolaridade.
Apesar de muitas pesquisas desta área não serem conclusivas, estudos com animais e digitalizações do cérebro humano dão motivos para preocupação, pois comprovam que a maconha é psicoativa, e pode causar alterações cerebrais estruturais.
Os ratos expostos ao ingrediente ativo da maconha, o tetraidrocanabinol (THC), experimentaram alterações cerebrais e comprometimento cognitivo.
Nas pessoas, os efeitos cognitivos da erva parecem durar, pelo menos, várias semanas após o uso, muito tempo depois de a pessoa deixar de se sentir intoxicada. Estudos de curto prazo com seres humanos apontam claramente para impactos na memória, aprendizado e atenção, mesmo em um usuário sóbrio. Um estudo de 1996 publicado no Journal of the American Medical Association, por exemplo, descobriu que os usuários diários de maconha se saíam pior em testes de atenção e função executiva (como planejamento e autocontrole) do que pessoas que tinham fumado maconha apenas uma vez no mês anterior, mesmo que ambos os grupos abstiveram-se da droga durante pelo menos 19 horas antes do teste.
Os efeitos da maconha podem persistir pelo menos 20 dias depois de uma pessoa fumar, de acordo com uma revisão de 2011 sobre o tema. Mas a questão para a qual ainda não temos uma resposta clara é se ela prejudica o cérebro no longo prazo.
Estudos de digitalização cerebral em humanos sugerem que a maconha pode estar ligada a mudanças cerebrais anatômicas, como encolhimento da amígdala, uma região do cérebro que processa emoções, recompensa e medo.
Em algumas pessoas com vulnerabilidade genética, tais mudanças cerebrais podem ser suficientes para desencadear esquizofrenia, que é mais comum em usuários de maconha. No entanto, pode ser que os genes em questão podem levar as pessoas a tanto fumar mais maconha quanto ser mais propensa a esquizofrenia, em vez de causar diretamente a ligação entre a droga e psicose.
E esse é o problema com a tentativa de desvendar os efeitos dessa substância: pessoas que usam a droga são provavelmente diferentes das pessoas que não usam. Assim, os estudos que comparam fumantes com não fumantes muitas vezes não podem dizer se os resultados vieram de algum outro fator que explica a diferença entre eles.
Um estudo maior publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences em agosto de 2012 acompanhou 1.037 neozelandeses do nascimento até os 38 anos de idade, avaliando a sua função cognitiva aos 13 anos (antes de qualquer participante começar a usar maconha) e novamente na idade de 38. Os participantes relataram o uso da droga aos 18 anos, 21, 26, 32 e 38, dando a pesquisadores uma oportunidade de determinar se os efeitos cognitivos diferiam dependendo de quando uma pessoa começou a usar maconha e quanto tempo ela continuou a usá-lo.
Esse estudo concluiu que houve declínios globais na cognição, incluindo uma queda média no QI de cerca de 6 pontos, em pessoas que fumavam maconha. Os maiores efeitos foram observados em usuários persistentes – pessoas que relataram ter consumido maconha em pelo menos três entrevistas entre as idades de 18 e 38.
Em particular, os déficits não foram vistos em pessoas que começaram a usar maconha quando adultos, mas eram fortes em pessoas que pegaram o hábito quando adolescentes.
Como já afirmamos acima, as muitas pesquisas desta área não são conclusivas, porém podemos ter melhores respostas em breve. Os Institutos Nacionais de Saúde dos EUA vão lançar um estudo longitudinal com 10.000 crianças para rastrear os efeitos do abuso de substâncias, incluindo a exposição à marijuana, ao longo do tempo. Ele vai incluir testes neuropsicológicos, bem como digitalização do cérebro, para aprofundar estas questões.
Fonte: HypeScience