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Em seu relatório mundial sobre drogas de 2016, a ONU (Organização das Nações Unidas) afirma que existem cerca de 17 milhões de usuários pelo mundo. Este número mudou pouco nos últimos anos, porém, ainda que o número global de usuários tenha apresentado e mesmo com uma queda de 38% na produção de ópio, o órgão vê baixa possibilidade de redução no consumo.
Isso porque o mesmo relatório destaca que houve um aumento do uso de heroína na América do Norte na última década, explicando, assim, o aumento no número de overdoses pela droga.
Por ter um público maior voltado ao uso de cocaína, o Brasil não é citado no capítulo que fala sobre a heroína. Ainda assim, a droga tem preocupado a polícia civil do estado de São Paulo que detectou a chegada da substância na área conhecida como Cracolândia, situada no conhecido bairro da Luz, região central da capital paulista.
Se antes o opióide extraído da papoula aparecia apenas de maneira esporádica, agora basta ir ao local para encontrá-la, ainda que comercializada em pó por poucos traficantes que cobram 50 reais – cinco vezes mais cara que a pedra de crack e, assim como esta droga, é também consumida em cachimbos.
Segundo a polícia, um grupo de nigerianos e tanzanianos está trazendo a substância do oeste da África porque os principais usuários da droga não são brasileiros, mas outros africanos que moram na região central de São Paulo.
A presença constante da droga foi confirmada por agentes de saúde que atuam no local e pelos psiquiatras que foram informados por meio dos relatos de usuários, segundo os quais a heroína circula há pelo menos dez meses, mas em pequena quantidade, já que o consumo não é generalizado e não é comum encontrar usuários nas ruas, ainda dominada pelo crack.
O efeito entorpecente da substância fumada é mais fraco do que quando injetada, mas há maior risco de overdose, pois tão rapidamente quanto outras drogas fumadas, a heroína chega ao cérebro e já faz sua ação depressora. Não à toa, a heroína mata mais do que cocaína.
Por causa do ambiente favorável ao consumo, especialistas apontam para o risco de a substância ganhar mais adeptos tão somente pelo comportamento de experimentação.
Os agentes do Departamento Estadual de Prevenção e Repressão ao Narcotráfico (Denarc) que tentam identificar o grupo de traficantes nigerianos e tanzanianos e a quantidade de droga que circula na região estão enfrentando dificuldades porque que a droga não fica armazenada no local, como as pedras de crack.
Fonte: Revista Veja