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Em 2013, um estudo realizado pela Universidade de Zurique em parceria com o Hospital Universitário Lausanne, na Suíça, mostrou que campanhas chocantes e informativas sobre os riscos que álcool, tabaco e outras drogas apresentam à saúde não são efetivas, uma vez que os usuários dessas substâncias já têm conhecimento sobre tais riscos.
Já mostramos neste artigo que uma ação efetiva que vem se tornando comum graças às redes sociais: a campanha pessoal, em que cada um expõe sua dor causada pelas drogas.
Imagens do tipo, de pessoas sofrendo por efeitos de drogas, costumam viralizar nas redes sociais. Exemplo é o caso dos namorados Rhonda Pasek e James Acord que foram encontrados dentro do próprio carro, sob efeito de heroína, com um menor de idade sentado no banco de trás – o neto de Pasek. Neste caso, a polícia afirma que divulgou as imagens com o objetivo de conscientizar sobre a situação.
Porém, nas redes sociais estamos encontrando casos de usuários sob influência de alucinógenos que têm sido divulgados através de vídeos e fotos e as reações mostram que as pessoas acham tais exibições engraçadas.
Será mesmo que, de alguma forma, ajuda em algo compartilhar vídeos constrangedores de usuários de drogas pela internet? Isso tem efeito, por exemplo, na inibição do uso dessas substâncias?
Ao blog #VirouViral o psiquiatra Arthur Guerra de Andrade, fundador da organização brasileira CISA (Centro de Informações sobre Saúde e Álcool), afirma que imagens de overdose não seriam eficazes para inibir o uso de drogas: “Esse tipo de informação é chamada de ‘psicologia do terror’. O objetivo é gerar medo, mas em geral não funciona. Muitos jovens e adultos pensam, apenas, ‘comigo não vai acontecer’”.
O conceito de campanha deve ser entendido em uma perspectiva ampla, pois podem ser divulgadas em diferentes mídias. Num padrão publicitário profissional, as campanhas envolvem personalidades públicas conhecidas e têm um acabamento visual irretocável. Elas têm como alvo um público diversificado que precisa ser alertado e conscientizado sobre o problema das drogas. As personalidades ajudam a conquistar a opinião pública, especialmente os jovens.
Mas as campanhas também podem ser produzidas em menor escala, para públicos mais específicos e sem a participação de pessoas famosas. Elas têm como objetivo ensinar os pais a lidar e falar com seus filhos sobre o problema das drogas, informar os jovens sobre a questão e sobre onde obter ajuda, reduzir os riscos e os danos de usuários de drogas e mobilizar uma comunidade específica em torno da questão. Neste caso, uma estratégia eficiente é usar boas práticas e casos locais de sucesso, o que ajuda o processo de identificação do público-alvo com a mensagem enviada.
Um destes casos é o de Khalil Rafiti.
Em 2003 ele era um desabrigado viciado em heroína que vivia numa famosa área periférica da cidade de Los Angeles (EUA). Na época, ele pesava apenas 48 quilos, tinha muitas úlceras e estava definhando. Muitos anos se passaram e, hoje, o rapaz é um empreendedor milionário responsável por uma rede de sucos naturais e orgânicos fundada na praia de Malibu, chamada SunLife Organics. Atualmente, a marca atende clientes em outras seis regiões de Los Angeles — um crescimento que aconteceu em apenas 5 anos de empresa.
A guinada aconteceu em 2007, quando um amigo falou para ele sobre o poder dos sucos e as “super comidas”. Khalil começou a preparar suas próprias receitas para os pacientes do centro de reabilitação. E ele faz questão de contratar funcionários que estejam procurando pela mesma oportunidade que ele procurou treze anos atrás.
Outro caso de sucesso é o do músico André Catalau. Ele era vocalista da banda Golpe de Estado, uma referência do hard rock paulistano nas décadas de 80 e 90, que completou 30 anos este ano. Por conta do vício em drogas, Catalau deixou a banda em 1997. Ele passou por dezenas de internações, inclusive uma nos Estados Unidos, mas relata que só conseguiu largar a dependência química após se internar em uma clínica evangélica em Cotia.
Numa entrevista à Veja São Paulo, Catalau afirmou que “sair do vício é um esforço, uma luta grande para caramba. Tive o prazer de participar de um centro de recuperação que foi casca grossa, onde só sobrevive os fortes. Foi uma “faculdade” muito boa, que me fez homem mesmo”.
Portanto, não se deve esperar das campanhas mais do que elas podem fazer já que, sozinhas, são insuficientes para reduzir o problema das drogas. Mas sem dúvida as campanhas devem sempre integrar uma estratégia multidisciplinar de prevenção, atenção integral e reinserção social para os usuários de drogas.
Fontes: Unodoc e Revista Veja