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Eu bebo pra esquecer
Se fosse pra lembrar eu anotava
E de você não quero me lembrar de nada
Nada, nada, nada, nada
Este é o refrão da música Nada, Nada, da dupla Henrique e Juliano.
Já mostramos aqui que as atuais músicas sertanejas o consumo desenfreado de álcool é valorizado de forma poética, divertida. Como sabemos, a bebida alcoólica não é nenhuma das duas coisas, quando em excesso.
E também a bebida não te deixa com amnésia quando o que você quer esquecer é traumático. Segundo pesquisadores da universidade americana Johns Hopkins Medicine em verdade as consequências são opostas. Ou seja, o álcool acaba impregnando ainda mais tais experiências no seu cérebro.
Para chegar a esta conclusão os cientistas colocaram ratos em uma gaiola. Quando eles já estavam adaptados e tranquilos no ambiente, uma sequência de quatro notas musicais era tocada. Em seguida, o chão do ambiente era eletrificado e os animais levavam um choque. Aí, então, o grupo era dividido em dois: metade tomava água, e a outra metade uma mistura de H2O com 20% de álcool.
No dia seguinte, os roedores eram colocados na mesma jaula em que tomaram o choque e, em seguida os cientistas repetiam as quatro notas musicais que haviam antecedido as descargas elétricas. Dessa vez, nenhum choque foi dado, mas mesmo assim, todos os ratinhos ficaram apavorados, sem conseguirem se mexer. Acontece que os animais que beberam água se acalmaram mais rápido do que quem havia bebido álcool um dia antes, e voltaram a se movimentar em um período 10% mais rápido do que os colegas.
Além disso, os pesquisadores também examinaram o cérebro dos ratinhos antes, durante e depois do processo. Eles perceberam que, depois dos choques, o cérebro dos animais que ingeriram álcool tinha mais sinapses com enzimas relacionadas ao medo que os demais e concluíram que o álcool acaba alterando a química do cérebro. Isso dificultaria o processo de esquecimento após eventos traumáticos. Como consequência, esse efeito pode retroceder um tratamento terapêutico correto já em andamento.
Os pesquisadores explicaram que este estudo visa encontrar formas de tratar melhor os transtornos pós-traumáticos e mostrar que usar o álcool como automedicação não funciona (o que é feito por até 80% da população, de acordo com o mesmo estudo).
Em resumo: a canção erra em estimular a bebedeira. E erra em acreditar que o álcool faz esquecer um ‘pé na bunda’, por exemplo.
Fonte: Superinteressante
