As três armadilhas do cigarro

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A psicóloga Mônica Andreis (CRP 28584), da Aliança de Controle ao Tabagismo, e o médico Alexandre Milagres (CRM: 32043 -5), do Centro de Apoio ao Tabagista, explicaram ao jornal O Globo que a dificuldade em largar o cigarro pode estar associada a três grandes armadilhas no caminho de quem está lutando contra o vício.

Primeiramente, é necessário conhecer o que acontece na mente de um fumante. Só assim podemos entender porque é tão difícil para ele largar o cigarro. A cada tragada, substâncias vão diretamente para o cérebro, liberando neurotransmissores como dopamina, serotonina, acetilcolina e noradrenalina. Apesar de parecerem complicados, estes nomes estão ligados a emoções bem simples e conhecidas como paz, alegria, coragem, e também à memória. Por isso esta primeira emboscada foi batizada de “armadilha física”.

No começo, o fumante busca o cigarro pelo prazer que ele proporciona. Mais tarde, porém, ele vai usar o cigarro para evitar as sensações ruins de ficar sem ele. A isto os especialistas chamam de crise de abstinência porque, sem o fumo, surgem reações como dificuldade de concentração, ansiedade, cansaço, insônia, irritabilidade, sintomas depressivos e tristeza. Estas reações aparecem em diferentes níveis de pessoa para pessoa, mas a sensação de abstinência não dura para sempre.

Os médicos sugerem buscar ajuda profissional e beber um pouco de água quando a fissura chegar. Exercícios físicos também são recomendados, já que eles ajudam a liberar substâncias igualmente ligadas ao prazer.

A segunda armadilha é a psíquica. Estima-se que para fumar um cigarro inteiro são necessárias dez tragadas.Como, em média, um fumante consome de 20 a 30 cigarros por dia, chegamos ao resultado de até 300 baforadas/dia. Isso é o suficiente para o cigarro ser usado como um apoio, um companheiro contra a solidão em momentos de estresse, por exemplo. Isto explica porque um ex-fumante faz comparações como a perda afetiva ou de grandes rupturas, além de notar sintomas clássicos para preencher o vazio como comer mais, beber mais e falar mais.

Neste caso, aulas de canto, ou mesmo o uso de adesivos de nicotina, podem colaborar para contornar o problema.

Como o cigarro faz parte da rotina das pessoas, estando ligado a atividades diárias como o cafezinho, a bebida, a conversa com amigos, a espera no ponto de ônibus e tantas outras, a terceira armadilha é a comportamental.

Por isso, a psicóloga Mônica Andreis afirma que o ideal é marcar uma data para largar o tabagismo de vez, após um tempo de preparação. Mônica também destaca a importância em barrar as armadilhas externas e ambientais que interferem no comportamento dos fumantes, como fizeram a lei antifumo e a proibição de publicidade de cigarro.

 

Fonte: O Globo