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Como já mostramos aqui, o Uruguai, que já permitia o consumo da maconha, legalizou a produção e a venda da droga. Ainda sobre o assunto, em entrevista à revista Veja, o presidente Tabaré Vázquez, que ocupa o cargo pela segunda vez, falou a respeito da política de drogas daquele país e explicou que estão “implementando a lei aos poucos”. Vázquez alerta que liberar a maconha não é o mesmo que “colocar um produto qualquer no mercado”(…) “Quando se começou a combater o tabagismo porque estava demonstrado que o hábito provocava problemas cardiovasculares e câncer, as empresas lançaram o cigarro light. Depois, o ultralight. Mas isso não importa. Todos eles causam danos ao organismo”.
O presidente uruguaio ressalta que “maconha é maconha. Seu princípio ativo é a Cannabis. Essa substância produz efeitos que podem ser usados pelos médicos em benefício do paciente, mas também gera consequências deletérias ao corpo humano. Por mais que se tenha obtido uma maconha geneticamente pura, isso não significa que os efeitos nocivos foram extraídos e só ficaram os positivos”.
Vázquez também deixou claro que o Uruguai caminha “em terreno desconhecido e incerto” quando indagado se acredita que a regulação da maconha vai reduzir o narcotráfico e a criminalidade. “É muito cedo para tirar conclusões desse tipo. Teremos de esperar um tempo maior. Só então veremos o que aconteceu”, afirmou.
Comentando a entrevista no Blog do Noblat, o jornalista Carlos Alberto Di Franco alertou que a liberação da maconha é “uma aventura” que “pode custar muitas vidas”.
Escreve o jornalista:
O atual presidente herdou do antecessor, José Mujica –que pertence à mesma coligação de esquerda, a Frente Ampla-, a lei que regulariza a produção, a venda e o consumo de maconha. Nas entrelinhas da entrevista, e em vários momentos, Vázquez teve a honestidade de reconhecer que as coisas não são tão simples como apregoam os defensores da liberação das drogas.
Na verdade, os defensores da regulação, lá e aqui, armados de uma ingenuidade cortante, acreditam que a descriminalização reduzirá a ação dos traficantes. Mas ocultam uma premissa essencial no terrível silogismo da dependência química: a compulsividade. É raro encontrar um consumidor ocasional. Existe, sim, o usuário iniciante, mas que muito cedo se transforma em dependente crônico. O usuário, por óbvio, não ficará no limite legal. Sempre vai querer mais. É assim que a coisa acontece na vida real. O tráfico, infelizmente, não vai desaparecer.
Além disso, a maconha, droga glamourizada pelos defensores da descriminalização, é frequentemente a porta de entrada para outras drogas ainda mais pesadas.
As drogas estão matando a juventude. A dependência química não admite discursos ingênuos, mas ações firmes e investimentos na prevenção e recuperação de dependentes.
Fonte: O Globo