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Um relatório divulgado pela Organização das Nações Unidas (ONU) mostra que, em 2014, os Estados Unidos tinham cerca de 1 milhão de usuários de heroína. O número é quase três vezes maior do que em 2003. Mortes relacionadas a essa droga tiveram aumento de cinco vezes desde 2000. A entidade classificou a situação como epidêmica.
Este aumento no número de viciados em heroína e analgésicos de uso restrito nos EUA vem causando um desastre em maternidades do país. Os bebês de mulheres com essa dependência química nascem viciados nas mesmas substâncias que seus pais. Comovidos com essa situação, milhares de americanos estão se oferecendo para segurar esses recém-nascidos no colo, dando a eles um conforto físico essencial em suas primeiras semanas de vida, quando os bebês precisam se livrar da dependência.
Diferentes estudos anteriores mostraram que o contato físico ajuda nessa recuperação. Um deles, do Instituto de Pesquisa do Toque, da Universidade de Miami, por exemplo, comparou dois grupos de bebês prematuros hospitalizados. O primeiro era tocado apenas em situações inevitáveis, como durante alimentação e a troca de fraldas, enquanto o segundo recebeu carícias por 15 minutos, três vezes ao dia. Mesmo recebendo uma dieta similar, depois de vinte dias, os bebês do grupo estimulado ganhou 47% mais peso do que os demais – e ainda tiveram alta antes. Por conta disso, hospitais criaram programas que reúnem voluntários para confortar os recém-nascidos vítimas do vício de seus pais. Essas iniciativas estão sendo inundadas com inscrições de Leste a Oeste do país. As pessoas seguram os bebês no colo, sussurram, brincam e cantam para eles.
Muitos bebês nessas condições ficam separados da família nas primeiras semanas de vida, enquanto seus pais estão frequentando programas de reabilitação, para também abandonar o vício em drogas.
Os chamados opioides são fármacos derivados do ópio que atuam nos receptores opioides neronais e produzem resistência à dor. O uso desses analgésicos é liberado apenas mediante receita médica, mas o consumo de opioides nos Estados Unidos se tornou epidemia, segundo órgãos de saúde pública do país. De 2000 a 2015, mais de 500 mil pessoas morreram por overdose por opioides nos EUA. Todos os dias, 91 americanos morrem em decorrência do vício nesses medicamentos.
Os bebês de viciados em opioides ou heroína nascem com a chamada síndrome de abstinência neonatal. Como o organismo de sua mãe se tornou dependente da substância, o recém-nascido, que foi gerado dentro do mesmo organismo, também sofre com a mesma dependência. Os sintomas da síndrome incluem choro em excesso, febre, irritação, respiração ofegante, tremedeiras e outros problemas comoventes.
De acordo com médicos, os carinhos de voluntários reduzem a necessidade de medicamentos e a duração da internação no hospital. Alguns recém-nascidos beneficiados pelo programa chegam a apresentar ganho de peso, algo surpreendente em sua condição de saúde.
Fonte: O Globo