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Se você pensar bem, certamente irá responder nossa pergunta-título com um ‘sim, já phubbei alguém hoje’.
Criado pela junção das palavras phone (celular) e snubbing (esnobar), o phubbing é o ato de ignorar ou deixar de conversar com alguém por estar focado no celular. Trocando em miúdos: se você presta mais atenção no que está no celular do que na pessoa ao lado, você está praticando phubbing. Esta percepção do celular como um aparelho inseparável e vital transforma a maneira como nos relacionamos e pode ser prejudicial.
O impacto do celular na vida a dois foi estudado por James Roberts e Meredith David, da Universidade de Baylor, nos Estados Unidos. De um grupo de 143 pessoas, 70% afirmaram que o aparelho ‘às vezes’, ‘frequentemente’, ‘muito frequentemente’ e ‘o tempo todo’ interfere na interação com o parceiro.
Ficou claro para os pesquisadores que as distrações causadas por phubbing prejudicam a satisfação do relacionamento. O comportamento, segundo a terapeuta, cria barreiras na relação que vão afastando um do outro, seja na condição de casal ou em qualquer relação interpessoal.
No estudo, James e Meredith levaram em conta o que chamaram de ‘ansiedade anexa’, que é o grau de medo que um indivíduo tem do abandono e de preocupação se será aceito nos relacionamentos.
Eles notaram que o impacto do celular é mais forte entre pessoas com alto grau dessa ansiedade. “Geralmente, a ansiedade vem junto com a característica do controle. Eu não controlo o que está na tela do outro, não sei o que ele está fazendo, é o universo do outro, não meu”, explica Denise.
O estudo mostrou ainda uma relação indireta entre phubbing e depressão. Isso porque a satisfação do relacionamento afeta a satisfação de vida. Assim, se a primeira está abalada, a segunda pode sofrer consequências também. A terapeuta diz que o celular pode aumentar um estado deprimido, mas não que cause diretamente depressão.
Um indício de que o comportamento está sendo prejudicial é quando, na hora de dormir, a pessoa leva o celular para a cama e continua usando. Outro ponto é quando a distração digital impede que a pessoa faça o que tem de fazer.
Assim como a nomofobia, o phubbing é um vício imperceptível. Nestas horas, é importante ter alguém do lado para dizer se o comportamento está atrapalhando. Uma campanha viral também pode ajudar. É o caso do stop phubbing, um site em inglês que compila algumas estatísticas falsas, segundo a Time (como ‘92% dos phubberes serão políticos’), mas que expressam muito bem a realidade.
Criada pelo estudante australiano Alex Haigh, a campanha traz placas de aviso para serem impressas e colocadas em ambientes a fim de proibir o comportamento. Também há um modelo de carta para ser enviada àquele amigo ‘phubber’, pedindo, gentilmente, que ele evite ficar no celular no próximo encontro.
Fonte: Estadão