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Cocaína – A Rota Caipira. O narcotráfico no principal corredor de drogas do Brasil, do jornalista Allan de Abreu, 37 anos, conta a história do narcotráfico no principal corredor de drogas do país.
Repórter do jornal Diário da Região, de São José do Rio Preto (distante 438 da capital de SP), Abreu realizou, com excelência, a difícil tarefa de fazer com que Cocaína – A Rota Caipira seja um documento jornalístico imprescindível para entender o tráfico no Brasil, em especial na região do interior de São Paulo.
A geografia do interior paulista e do Triângulo Mineiro entraram na rota do narcotráfico internacional por ser um ponto estratégico, um caminho entre os países produtores da droga – Colômbia, Bolívia, Peru – de um lado, e os grandes centros de consumo, São Paulo e Rio de Janeiro, de outro. É pela rota caipira, como foi batizada, que se mede a pulsação da compra e venda de cocaína no Brasil.
Nas 826 páginas de Cocaína – A Rota Caipira, da Editora Record, Abreu, mestre em literatura, uniu sua paixão pelas letras com uma técnica narrativa capaz de fazer com o livro instigue o leitor a sempre querer chegar ao fim da próxima história. E são dezenas delas, todas verídicas. Histórias múltiplas, quase sempre trágicas, que se unem na paisagem caipira.
Há sempre uma surpresa à espreita, mostrando que a indústria da droga é muito mais dinâmica do que pensamos, cooptando brasileiros de absolutamente todos os níveis sociais e econômicos – incluindo políticos e autoridades.
Escorado em uma apuração documental sólida, o livro-reportagem de Abreu é um mergulho no comércio do “ouro branco”, do “pó”, da “farinha”, ou qualquer outro nome que a cocaína tenha, a depender da região do Brasil ou do mundo onde ela é comercializada e consumida. Durante quatro anos, o jornalista entrevistou policiais, juízes, promotores, traficantes e cocaleiros no Brasil, Paraguai e Bolívia. Reuniu milhares de documentos, a maior parte inéditos, e o resultado é esta obra-prima da reportagem, radiografia corajosa do mercado das drogas no país.
Engana-se quem pensa que o tráfico de cocaína no Brasil é gerido apenas pelas já tradicionais facções criminosas, principalmente a paulista PCC (Primeiro Comando da Capital) e as várias nascidas no Rio de Janeiro, como o CV (Comando Vermelho). Outras organizações criminosas, algumas delas internacionais e também aquelas formadas por políticos brasileiros, também não escaparam do radar jornalístico de Abreu.
Com uma narrativa eletrizante, Abreu devassa a ascensão e a queda dos grandes barões do pó; a criatividade na arte de despistar a polícia – cocaína vira tecido e até plástico –; o drama dos “mulas” a serviço do narcotráfico; a organização empresarial de grandes grupos criminosos; os mecanismos de lavagem dos milhões de dólares impregnados pelo branco da cocaína e a corrupção do aparelho repressivo, da polícia ao Judiciário onde, segundo o autor, a “polícia federal já flagrou deputados atuando abertamente em favor de grandes traficantes”.
Em entrevista ao Blog da editora Record, Abreu se posiciona contra “a descriminalização das drogas, inclusive a maconha. O Brasil tem um sistema de saúde pública ruim, completamente despreparado para cuidar das levas de viciados que inevitavelmente se formariam. Tanto que o tratamento a esses viciados no país, hoje, tem sido feito, via de regra, por ONGs, muitas delas pouco sérias. Além do mais, descriminalizar as drogas não acabaria com o tráfico. Exemplo disso é Columbia, nos Estados Unidos. Os cartéis mexicanos aproveitaram a liberalização para produzir maconha no próprio Estado, em vez de trazer do México, e oferecem a preços mais baixos, porque evidentemente não pagam impostos sobre a droga, ao contrário do comércio legal. Até a Holanda, modelo de descriminalização, tem recuado nessa política”, afirma o jornalista para quem “não interessa (aos países) acabar com a cocaína ou a maconha, porque representam dividendos importantes em economias dependentes de atividades econômicas primárias, como é o caso sobretudo do Paraguai e da Bolívia”.
Para Abreu, a cocaína é irmã siamesa da corrupção e da ganância, “porque nenhuma outra mercadoria do planeta é tão lucrativa – das zonas produtoras até os maiores mercados do mundo, EUA e Europa, o lucro chega a absurdos 2.000%. Por ela se mata, por ela se morre. A cocaína não mente”, pontuou, usando uma frase clássica do cantor e guitarrista Eric Clapton.
Para ler o primeiro capítulo de Cocaína – A Rota Caipira de graça é só clicar aqui.
Fonte: Editora Record