Abordagens pró-ativas visam reduzir o uso de álcool

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Muitas universidades do Reino Unido estão “fechando os olhos para o consumo excessivo de bebidas alcoólicas, acreditando que o que os alunos escolhem fazer com o álcool e drogas, não é, de fato, da sua conta”.

A acusação foi feita por Sir Anthony Seldon, vice-chanceler da Universidade de Buckingham em seu relatório sobre o conceito de “uma universidade positiva”, no qual ele também afirmou que as universidades “não podem continuar a continuar com essa abordagem permissiva” diante do consumo excessivo de álcool.

No início do ano letivo no Reino Unido foram realizadas muitas festas e eventos, como a Carnage UK, considerada “a festa estudantil de todas as festas estudantis”. Nestes eventos, muitos estudantes veem a oportunidade de se divertir, mas o abuso de álcool e os níveis potenciais de danos também são significativos – uma revisão sistemática recente apontou que quase dois terços dos estudantes bebiam em níveis arriscados ou nocivos.

O relatório de Sir Anthony propõe atividades alternativas para estudantes, incluindo várias atividades focadas em relaxamento e bem-estar, que demonstrou ser positivo para reduzir o consumo de álcool.

Mas até que ponto as universidades devem desencorajar ou intervir ativamente em comportamentos de consumo intensivo de álcool entre estudantes pode dividir opiniões. Não existe nenhuma abordagem ou orientação sistemática para o desenvolvimento de respostas visando reduzir o consumo de álcool no ensino superior do Reino Unido. Assim, a acusação de que as universidades em geral adotem uma atitude permissiva para questões de drogas e álcool pode ser válida. Enquanto isso, o Drinkaware, uma ação financiada pela indústria local, anunciou seu ‘Drinkaware Crew’. A iniciativa vem se expandindo para apoiar jovens que possam ser vulneráveis ​​ao álcool e promover “ambientes sociais positivos”. Embora não visem especificamente às universidades, o esquema provavelmente irá abranger muitos estudantes nas 14 cidades em que o sistema está operando.

Outros podem argumentar que, apesar das recentes quedas nas taxas de consumo de álcool entre as pessoas jovens, enquanto a bebida for algo barato, amplamente disponível e promovido, o consumo entre estudantes será um problema constante. As noites polêmicas podem ser mais bem controladas através de regulamentos, mas a questão é saber se as universidades devem ter abordagens mais pró-ativas e robustas para reduzir o uso indevido de álcool entre os alunos.

Se as universidades estão fechando os olhos, porém, outros setores do Reino Unido estão de olhos bem abertos para o problema do consumo excessivo de álcool.

Passageiros filmam casal fazendo sexo no voo da Ryanair (Reprodução)

É o caso da Ryanair, companhia área de baixo custo, que quer restringir o consumo de álcool nos aeroportos do Reino Unido para inibir incidentes envolvendo passageiros bêbados dentro das aeronaves. Entre as medidas propostas pela empresa aérea está a limitação da quantidade de bebidas alcoólicas a duas doses por passageiro. O controle seria feito pelo cartão de embarque do cliente. A ideia também é restringir a venda de garrafas de bebidas alcoólicas a duas unidades.

Segundo a empresa, houve um aumento de 600% nos incidentes envolvendo passageiros bêbados em aeroportos britânicos de 2012 a 2016. Em junho, um casal bêbado foi gravado fazendo sexo em um voo que saiu de Manchester em direção a Ibiza (foto).

No Brasil, também se tornaram tradição as festas universitárias embaladas por muitas doses. Instituições como a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e a Universidade de São Paulo (USP), maior universidade pública brasileira, já tinham vetado a realização de festas com consumo de bebidas alcoólicas. Já a Associação Brasileira da Indústria da Cerveja (Cerv Brasil), que representa a Ambev, a Brasil Kirin, o Grupo Petrópolis e a Heineken Brasil, deu início à outra campanha, também de alcance nacional, visando interromper o patrocínio a festas universitárias “open bar” em todo o país.

 

Fonte: The Telegraph