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A Polícia Federal divulgou números do balanço sobre apreensão de maconha e de cocaína abrangendo o período entre janeiro e 13 de dezembro de 2017.
Como resultado, números mostram que a corporação apreendeu neste ano o maior volume dos últimos 22 anos. Ao todo, segundo a PF, foram apreendidas 324 toneladas de maconha e 45 toneladas de cocaína.
Em 2016, por exemplo, o resultado mostrava que a PF apreendeu 236 toneladas de maconha e 41 toneladas de cocaína.
O aumento da fiscalização, além de melhoria nas investigações e nos investimentos em tecnologia, são as razões do aumento do número de apreensões. Só no Mato Grosso do Sul, por exemplo, estado por onde entra a maior quantidade de maconha, foram apreendidas 147 toneladas da droga neste ano.
Segundo a PF a maior parte da droga apreendida vem de outros países. A maconha geralmente é produzida no Paraguai, e a cocaína na Bolívia, na Colômbia e no Peru. O fato de a fronteira do estado com o Paraguai ser seca contribui para a ação dos criminosos. Já os estados que fazem fronteira com outros países e São Paulo são as unidades da federação campeãs de apreensão. Neste último, a cocaína foi a droga mais apreendida em 2017 – foram mais de 16 toneladas retiradas das ruas paulistas neste ano. Isso porque, ainda de acordo com a Polícia Federal, é pelo Porto de Santos que a droga costuma sair do Estado.
Não à toa, uma pesquisa coordenada por Camilo Seabra Pereira, ecotoxicologista e professor do curso de mestrado em Ecologia da Unisanta (Universidade Santa Cecília) em parceria com a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) apontou altas concentrações de produtos farmacêuticos e de cocaína na Baía de Santos. Os resultados desse estudo inicial, que se transformou em um artigo científico, comprovou que o contato dessas substâncias impacta na reprodução e no crescimento de moluscos.
O monitoramento começou em 2014, quando os pesquisadores observaram a presença de cocaína e fármacos concentrados em determinadas áreas. Por conta disso, atualmente são feitas coletas da água a cerca de 4,5 km da costa brasileira, justamente na área que sofre uma influência do estuário de Santos e São Vicente, principalmente, do esgoto doméstico das cidades.
O estudo é financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo e o monitoramento e análise das amostras segue até ano que vem. Os pesquisadores partem do princípio de que a cocaína se torna um contaminante ambiental neste cenário. O local onde as amostras são coletadas fica longe da área de banhistas. A vida marinha, neste caso, é a mais afetada com esses poluentes. Por conta do consumo, os seres-humanos também podem estar em risco.
Segundo Seabra, a quantidade de cocaína no mar de Santos – tanto na forma pura como também metabólica, quando a droga é transformada pelo usuário – chega a ser 100 vezes maior daquela constatada na baía de São Francisco, nos Estados Unidos em razão do tratamento do esgoto, onde há uma maior descontaminação do material antes de chegar ao oceano.
A partir dos primeiros estudos que comprovaram a existência de substâncias no mar, os pesquisadores começaram a se aprofundar no tema e a estudar quais os efeitos biológicos e o risco ambiental das drogas nos ambientes costeiros. “Tem uma contaminação ambiental da água. Tem um estudo de sedimento que encontrou essas substâncias também no fundo do mar. Nesses locais, o risco é com a vida marinha. Ali temos peixes, crustáceos, moluscos, animais comestíveis. Esse é o próximo estado do estudo”, finaliza Seabra.
Fonte: G1