Um abalo no “porto seguro” da maconha

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O lobby pela legalização da maconha costuma se agarrar a alguns discursos obscuros – e facilmente derrubáveis –, como já vimos neste artigo.

Muitos costumam usar os Estados Unidos como exemplo sobre a liberação da cannabis para uso da medicinal. Acontece que tal liberação não foi aprovada por médicos, mas por meio de plebiscitos baseados (sem trocadilhos) na política do governo do ex-presidente Barack Obama, abrindo caminho para a onda de legalização da maconha em vários estados dos EUA.

Obama desencorajava os promotores federais a mover processos contra a venda de maconha nos estados que legalizaram a substância, embora seu uso e comercialização continuem ilegais na instância federal.

Mas isso pode mudar.

Jeff Sessions,  procurador-geral dos Estados Unidos, revogou a medida do governo Obama. Ao contrário do ex-presidente, Sessions acredita que os promotores devem seguir a lei federal e ter mais liberdade para julgamento, fato prejudicado pelas orientações que vigoraram durante o governo anterior, criando “um porto seguro para a indústria da maconha para operar nestes estados (em que é comercializada)”, o que seria inconsistente com a lei federal.

Segundo analistas estadunidenses, a iniciativa do procurador-geral, além de causar um impacto ainda não calculado sobre a atual cadeia de produtores, confundirá os usuários da droga nos estados em que ela é legalizada, porque não saberão mais se estarão livres para consumir sem punição. Além disso, a incerteza dos usuários afastará os investimentos no setor.

E já mostramos aqui que grandes investidores, como George Soros, veem a simples legalização da maconha como uma rápida e incrível oportunidade de lucro bilionário.

Nos EUA, a lei federal impede que o Departamento de Justiça intervenha em programas de maconha medicinal nos estados em que o consumo da substância é permitido e seu uso legalizado para fins médicos. Sessions, porém, não descarta mover processos judiciais para interromper esta forma de terapia.

O memorando de Sessions, claro, dividiu opiniões. Os defensores da legalização se agarraram, como de costume, aos já tradicionais mitos de que nos países em que a maconha foi legalizada, os criminosos perderam um instrumento de poder, corrupção e dinheiro. E de que houve redução nos casos de violência e aumento de arrecadação de impostos. Mas, como bem sabemos, não existe nenhuma história de sucesso de qualquer país que tenha flexibilizado as leis e o consumo (de drogas) ou o tráfico tenha diminuído.

É por isso que o memorando de Sessions foi bem recebido por Kevin Sabet, presidente da Smart Approaches to Marijuana (SAM), organização que combate a legalização da maconha: “esta é uma vitória, porque deve secar grande parte do investimento institucional que foi para a maconha nos últimos cinco anos”, celebrou Sabet.

 

Fonte: O Globo